Depois
da expiação temos o ato da propiciação. Os dois estão
intimamente ligados a ponto de não poder haver propiciação sem
antes haver a expiação.
Propiciação
é o ato de Deus tornar-se propício a nós, pecadores. Nós que
dantes estávamos condenados ao inferno eterno e inescapável, nós
que estávamos enfermos da ferida de morte que é o pecado. Nós que
havíamos ofendido a santidade de Deus com nossos pecados. Nós que
somos agora remidos e expiados pelo sangue de Jesus Cristo somos
agora reconciliados com o Altíssimo. Deixe-me ilustrar.
Éramos
como um condenado que estava correndo velozmente para o tribunal em
que seríamos julgados. Ali estava o Supremo Juiz para nos dar a
sentença inexorável de morte. Haviam acusações suficientes e
provas suficientes. O Juiz estava irado. Justamente irado.
Mas
eis que no meio do caminho o filho do Juiz se dirige, antes de nós
ao Tribunal e se oferece para sofrer a condenação em nosso favor.
Lá ele sofre o castigo devido e quando chegamos lá, no Tribunal,
não resta-nos nenhuma dívida, nem acusação, nem prova contra nós.
Isso é expiação.
Mas
prossigamos. Pense que agora o Juiz não está mais irado, e agora
nos oferece sua amizade sincera, ele agora deseja nos conhecer
melhor e ser nosso amigo, pois somos agora importantes para ele, pois
somos alguém pelo qual seu filho único resolveu dar a vida, logo
ele se interessa muito pelos ex-condenados. Isso é propiciação, o fato de que nosso Senhor se agrada de nós por causa da obra de
Cristo na cruz.
Não
pode haver propiciação sem antes haver a expiação. Primeiro
livres e justificados da condenação (expiados), depois amigos de
Deus (propiciados). Nosso Senhor não pode suportar o pecado, logo
era necessário remover a culpa para que pudéssemos servi-lo. Não
porque "nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e
enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados." (I João 4.10).
A
palavra grega hilasmos traduzida "propiciação" em 1 João
2.2 e 4.10, e só aparece aí em todo NT. Há também uma palavra
parecida em Romanos, nesta carta paulina percebemos perfeitamente a
ideia de propiciação.
Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu
sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes
cometidos, sob a paciência de Deus; Romanos 3.25
Aqui percebemos que Deus teve paciência conosco antes de Cristo ter oferecido seu sangue na cruz. Ele pacientemente aguardava o dia em que o seu perdão seria derramado com abundância sobre a humanidade pecadora, o dia em que os eleitos poderiam desfrutar de sua amizade e seu amor.
E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. 1 João 2.2
Não só judeus, não só os que viveram na época dos apóstolos, mas todas as gentes, de todas as tribos e raças, de todas as épocas que crerem e se arrependerem dos seus pecados se achegando a Cristo terão seus pecados cancelados, sua dívida paga e a amizade com Deus proporcionada.
Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a
Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos
nossos pecados. 1 João 4.10
O amor de Deus pelo seu povo é anterior a qualquer atitude nossa em relação a Ele. Ele nos remiu, nos expiou e nos propiciou, somos gratos eternamente ao Senhor Jesus e à sua infinita graça que nos alcançou. Isso é propiciação.
Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos
irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus,
para expiar os pecados do povo. Hebreus 2.17
Jesus experimentou em toda a profundidade as angústias, desafios e sofrimentos da vida humana. Ele sabe como é difícil a vida como um homem comum, sabe das provações e tentações, pois ele mesmo foi provado e tentado, mas sem pecado. Por isso se compadece de nós. Foi por nos amar que ele ofereceu-se para cumprir toda a Lei e ser castigado pelos pecados da humanidade. Ele nos propiciou, nos tornou favoráveis a Deus.
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