Segundo
dados do Instituto Mackenzie , o
termo presbiteriano foi adotado pelos reformados nas Ilhas Britânicas (Escócia,
Inglaterra e Irlanda). Isso se deve ao contexto político-religioso em que o
protestantismo foi introduzido naquela região, no qual a forma de governo da
igreja teve uma importância preponderante.
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Calvino o fundador do calvinismo assumido pelos presbiterianos reformados |
Os reis ingleses e escoceses
preferiam o sistema episcopal, ou seja, uma igreja governada por bispos e
arcebispos, o que permitia um maior controle da igreja pelo estado. Já o
sistema presbiteriano, isto é, o governo da igreja por presbíteros eleitos pela
comunidade e reunidos em concílios, significava um governo mais democrático e
autônomo em relação aos governantes civis. Das Ilhas Britânicas, o
presbiterianismo foi para os Estados Unidos e dali para muitas partes do mundo,
inclusive o Brasil.
Daí resulta outra distinção importante.
Todo presbiteriano é, por definição, reformado e, em teoria, calvinista. Porém,
nem todos os calvinistas são presbiterianos. Um bom exemplo é a Inglaterra dos
séculos XVI e XVII. Quase todos os protestantes ingleses daquela época eram
calvinistas, mas muitos deles não aceitavam o sistema de governo presbiteriano.
Entre eles estavam muitos anglicanos e os congregacionais, além de outros
grupos.
João Calvino
O movimento reformado ou presbiterianismo
surgiu no contexto da Reforma Religiosa do Século 16. A Reforma começou na
Alemanha, com Martinho Lutero (1517), mas o movimento reformado propriamente
dito teve origem no país vizinho, a Suíça, primeiro com Ulrico Zuínglio (†1531)
e depois com João Calvino. Sendo Calvino o maior líder e teólogo do movimento,
ele foi o principal articulador das concepções doutrinárias e da forma de
governo que vieram a caracterizar as igrejas reformadas ou presbiterianas.
A partir da Suíça, o calvinismo difundiu-se na França, no vale do Reno
(da Alemanha até a Holanda), na Europa Oriental (Boêmia, Polônia, Hungria), e
nas Ilhas Britânicas (Escócia, Inglaterra e Irlanda).
As perseguições religiosas, particularmente na França, Itália e Países
Baixos, também contribuíram para que a fé reformada fosse levada para outras
partes da Europa.
França
Em 1559 reuniu-se o primeiro sínodo da
Igreja Reformada da França, representando cerca de duas mil igrejas locais, que
aprovou a Confissão Galicana. Pela primeira vez, o presbiterianismo foi
organizado em âmbito nacional.
Alemanha
Desde cedo o movimento reformado penetrou
no sul do país, procedente da vizinha Suíça. O movimento cresceu com a chegada
de milhares de refugiados vindos de outras regiões (França, Países Baixos).
Estrasburgo foi um importante centro reformado entre 1521 e 1549, tendo como
grande líder o reformador Martin Bucer. Calvino ali esteve por três anos
(1538-41). Em Heidelberg, o príncipe Frederico III criou uma grande
universidade que se tornou o centro do pensamento reformado na Alemanha. Nessa
cidade foi escrito o importante Catecismo de Heidelberg (1563). A Guerra dos
Trinta Anos (1618-48) resultou no reconhecimento final das igrejas reformadas
alemãs, que receberam o influxo de sessenta mil refugiados huguenotes após a
revogação do Edito de Nantes.
Holanda
Inicialmente, o calvinismo surgiu no sul
dos Países Baixos (Antuérpia, 1555). Em dez anos, surgiram mais de trezentas
igrejas, em parte devido à chegada de imigrantes huguenotes que fugiam das
guerras religiosas em seu país. Essas igrejas adotaram como sua declaração de
fé a Confissão Belga, escrita em 1561. O calvinismo foi implantado na Holanda
no contexto da guerra de independência contra a Espanha, iniciada em 1566 sob a
liderança de Guilherme de Orange.
Europa Oriental
Na década de 1540, graças a contatos com
cidades suíças, surgiram igrejas reformadas na Polônia e Boêmia
(Checoslováquia) e mais tarde também na Hungria. Na Polônia e na Lituânia, as
igrejas calvinistas experimentaram grande crescimento, mas eventualmente foram
suprimidas pela Contra-Reforma. A fé reformada foi introduzida na Hungria em
1549, através de contatos com Zurique, mas as igrejas sofreram perseguições de
1677 a 1781. Em 1970, a igreja reformada húngara tinha cerca de um milhão e
meio de membros. Também existe uma grande comunidade reformada na Romênia (700
mil membros em 1963).
Escócia
O protestantismo reformado foi levado
para a Escócia por George Wishart, que estudara na Suíça e foi morto na
fogueira em 1546. As primeiras igrejas reformadas surgiram no final da década
seguinte.
Inglaterra
Durante o reinado de Maria Tudor
(1553-58), a Sanguinária, muitos protestantes ingleses refugiaram-se em Zurique
e Genebra. Porém, a rainha Elizabete I (1558-1603) não apreciava os aspectos
populares da forma presbiteriana de governo, preferindo uma estrutura episcopal
que deixava o controle último da igreja nas mãos das autoridades civis. No seu
reinado, surgiram os puritanos, alguns dos quais sustentavam princípios
presbiterianos. Os reis Tiago I e Carlos I (1625-1649), que governavam a
Inglaterra e a Escócia, continuaram a opor-se aos puritanos. Carlos fez guerra
contra os escoceses presbiterianos e viu-se em dificuldades. Para isso,
precisou convocar a eleição de um parlamento, que teve uma maioria puritana.
Dissolvido o parlamento, houve nova eleição que resultou numa maioria puritana
ainda maior. A conseqüência foi a guerra civil, que terminaria com a execução
do rei. Esse parlamento puritano convocou a Assembleia de Westminster
(1643-49), que produziu os “padrões presbiterianos” de culto, forma de governo
e doutrina (Confissão de Fé e Catecismos). Quando tais padrões foram aprovados
pelo parlamento, a Igreja da Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se
presbiteriana. Porém, depois que Carlos II tornou-se rei em 1660, houve a
restauração do episcopado e seguiram-se vários anos de repressão contra os
presbiterianos. A Igreja Presbiteriana da Inglaterra, criada em 1876, tinha 60
mil membros comungantes em 1970.
O Presbiterianismo nos Estados Unidos
Muitos calvinistas que aceitavam a forma
de governo presbiteriana vieram do continente europeu. Dentre os primeiros
estavam os holandeses que fundaram Nova Amsterdã (depois Nova York) em 1623. Os
huguenotes franceses também foram em grande número para a América do Norte,
fugindo da perseguição religiosa em sua pátria. Um numeroso contingente de
reformados alemães igualmente emigrou para os Estados Unidos entre 1700 e 1770.
Esses imigrantes formaram as suas próprias denominações e mais tarde muitos deles
ingressaram na Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.
O surgimento do presbiterianismo no
Brasil resultou do pioneirismo e desprendimento do Rev. Ashbel Green Simonton
(1833-1867). Dois meses após a sua
ordenação, embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 12 de agosto
de 1859, aos 26 anos de idade.Em abril de 1860, Simonton dirigiu o seu primeiro
culto em português; em janeiro de 1862, recebeu os primeiros membros, sendo
fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro.
Fonte
www.mackenzie.br
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