Quero muito fazer o bem, mas não consigo. Quero muito deixar de pecar definitivamente, mas isso é impossível . Não há nenhum botão em mim que, ao apertá-lo desligue para sempre o desejo pelo pecado que habita em mim. Gostaria que tivesse. Consigo evitar o pecado, por algum tempo, mas não para sempre. Mas eu não sou livre? Por que isso acontece comigo?
É fácil o crente cair em melancolia ou desespero quando se dá conta que fugir do pecado é uma tarefa complicadíssima, é como se o pecado estivesse enraizado em si. E de fato ele está.
Eu
nunca houvera entendido o que significa a Depravação Total. Você
sabe o que isso significa?
Através
dela percebi que eu não era naturalmente bom, nem poderia ser, e
que tudo em mim estava danificado pelo pecado. Tanto minhas ideias,
minha mente, meu corpo, meus desejos, tudo!
Mas
não é só eu que tenho esta dificuldade. O cristianismo ensina que
todos somos assim. Diferente do que ensinam outras filosofias e
religiões, que têm sustentado a bondade natural do homem e sua capacidade de se aperfeiçoar
através de seus próprios esforços. John Locke (1632–1704)
acreditava que o homem nascia como uma lousa em branco (“tabula
rasa”) de inocência. Jean Jacques Rousseau(1712–1778),
acreditava que o homem era bom, assim iniciando a filosofia
humanista que coloca o homem antes de Deus. Assim também o
Islamismo, o Budismo, o Hinduísmo e muitas outras religiões e
filosofias. Mas isso é um engano perigosíssimo.
Segundo
as Sagradas Escrituras, todo homem vem ao mundo como pecador, nasce
corrompido e não há nada que seus pais possam fazer para evitar que
nasça assim. Percebemos um estado decaído dos seres humanos como
resultado do pecado original. As pessoas são inclinadas pela
natureza a servir a sua própria vontade e desejos e rejeitar a
perfeita vontade de Deus. Isso é chamado de escravidão. Até mesmo
a religião e a filantropia são más para Deus quando se originam de
um desejo humano egoísta e não são feitas para a glória de Deus.
Todos nossos atos mais bondosos ou bem intencionados são maculados
por vaidade e vontade de obter algum benefício. Esta doutrina
coloca todos os homens diante da condenação inescapável. Segundo
ela, o homem não regenerado é absolutamente escravo do pecado, ele
é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente para
salvar-se, necessitando de uma intervenção soberana do próprio
Deus em sua vida.
“Todos
os homens são, por natureza, filhos da desobediência” (Ef 2.3),
merecedores da condenação e da morte temporal e eterna; eles são
também desprovidos da retidão e santidade originais (Rm
5.12,18,19).
Pelágio,
acreditava que depois da queda as pessoas são capazes de escolher
não pecar, e podem salvar-se a si mesmas deixando de pecar.
Agostinho de Hipona desfez o equívoco pelagiano, ensinando que,
desde a queda, toda a humanidade está inescapavelmente predisposta
ao mal antes de fazer qualquer escolha real, sendo incapaz de não
pecar.
Tomás
de Aquino também ensinou que as pessoas não são capazes de evitar
o pecado após a queda, e que isso acarretou uma perda da justiça
original ou ausência de pecado, todo bem advém do egoísmo. De
fato, para Aquino, nós somos livres, temos liberdade para cometer o
pecado, para fazermos escolhas vaidosas e egoístas. Precisamos da
divina intervenção para que essa natureza seja mudada.
Temos
no apóstolo Paulo um testemunho importantíssimo, que esclarece que
esta situação:
Porque
bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o
pecado. 15 Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso
não pratico; mas o que aborreço, isso faço. 16 E, se faço o que
não quero, consinto com a lei, que é boa. 17 Agora, porém, não
sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. 18 Porque
eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum;
com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está.
19 Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse
pratico. 20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu,
mas o pecado que habita em mim.
21
Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o
mal está comigo. 22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer
na lei de Deus; 23 mas vejo nos meus membros outra lei guerreando
contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do
pecado, que está nos meus membros.
24
Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Romanos 7. 14-24
Em
resumo, a depravação total é uma doutrina que explica o fato da humanidade
estar em um estado de depravação que os impede de responder a Deus. Por isso vemos tanta maldade e egoísmo no mundo, isso é o natural. É espantoso como a humanidade ainda não está pior, devemos dar graças a Deus por este mundo não ser realmente insuportável, pois o Altíssimo ameniza a maldade do homem , motivado por sua imensa bondade. De fato, só a graça de Deus pode libertar os homens desta situação caótica e miserável.
Este texto teve muito pouca graça, que tal ler a continuação dele no próximo post? Clique AQUI.
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Fontes
pesquisadas e citações
Depravação
Total - Efésios 2:1–3; Romanos 3:10–12
Por Bruce A. McDowell
Tradução:
Fausto Pereira
Revisão:
Marcelo Herberts
Como
a Depravação Total Mudou Minha Vida
Tim
Geiger
Traduzido
por Vittor Rocha
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