Vamos contrapor dois grandes vultos da história
sagrada. Paulo de Tarso, Apóstolo dos
gentios, e Tiago, o irmão de Jesus, líder
do Concílio de Jerusalém.
Paulo defendendo a fé, Tiago
defendendo as obras.
Vamos colocar os
textos de cada um, frente a frente.
Paulo falando aos gálatas diz:
Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da
lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para
sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto
pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Gálatas 2.16
Vedes então que o homem é justificado pelas obras,
e não somente pela fé.
Tiago 2.24
Lendo apenas
estes dois textos é inevitável
que notemos uma contradição. Paulo está falando sobre a justificação pela fé e Tiago diz que o homem
precisa de obras para ser justificado. Se esse fosse o caso estaríamos com as Sagradas
Escrituras se contradizendo e deveríamos escolher um dos dois pontos de vista
como correto e rejeitar o outro como falso.
Mas não é isso o que ocorre aqui. Para fazermos juízo acertado é necessário entender para que audiência, ou seja, para que tipo de
leitor esta carta estava sendo endereçada.
Paulo escreve para a Galácia, uma Igreja atacada ferozmente pelos judaizantes. Os
judaizantes eram judeus que haviam se "convertido" a Cristo mas não
queriam deixar a prática da Lei, ao mesmo tempo que queriam obrigar os gentios
convertidos a fazer o mesmo.
Sua atitude era soberba e desfazia dos méritos e
da suficiência de Cristo para salvação. Para os judaizantes a salvação dependia
da fé e das obras de obediência à Lei. Paulo se contrapõe a eles ensinando que
a salvação se dá exclusivamente pela fé, sem o acréscimo de mais nada.
Paulo era irredutível no seu discurso sobre a justificação pela fé e não pelas obras. Era Cristo somente, e a fé no seu sacrifício que poderia salvar o homem.
Paulo era irredutível no seu discurso sobre a justificação pela fé e não pelas obras. Era Cristo somente, e a fé no seu sacrifício que poderia salvar o homem.
No segundo capítulo de sua carta, Tiago também é
enfático em afirmar que não somos salvos apenas pela fé, mas pela fé
acompanhada de obras.
Tiago ataca o outro extremo que ensinava que a
doutrina da justificação pela fé era uma licença para pecar e um estímulo a
negligência moral e espiritual. Para Tiago, a fé salvadora que se encontra na
vida do convertido é frutífera, produz boas obras que glorificam a
Deus.
Tiago está combatendo os preguiçosos e os libertinos
que estão a abusar da graça divina. Na sua carta ele reverbera contra a
impureza e a negligência que se encontrava em muitas igrejas do Novo Testamento.
Para um estudo mais aprofundado das obras em Tiago clique AQUI.
Podemos destacar finalmente que a ênfase de Tiago é complementar a ênfase de
Paulo. Desta forma a justificação é dom gratuito de Deus, mas o
verdadeiro cristão não pode e não deve
ficar sem obras, pois elas são sinal e fruto da fé verdadeira.
Paulo enfatiza que a fé é condição suficiente e
indispensável para nossa salvação e Tiago diz que as obras são o resultado de
uma fé viva na vida do salvo.
De fato percebemos dois gigantes, dois grandes guerreiros lutando o bom combate da
fé. Juntos, lutando contra os
judaizantes e os libertinos que se opõem à verdadeira prática cristã. Tiago e
Paulo fazendo a verdadeira fé em Cristo
vitoriosa.
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