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Texto Recebido ( receptus) e Texto Crítico


Este é um assunto complexo e que demandaria um estudo amplo e bem fundamentado. Muitas páginas. Mas como minha ideia é apenas dar um panorama geral sobre o assunto, deixarei as referências mais densas para outra oportunidade. Vamos então ser breves, concisos e didáticos.

Chegou até nós duas versões diferentes do texto do Novo Testamento , uma chamada Texto Receptus e outra chamada Texto Crítico.


 Texto Recebido (textus receptus)

O Texto Recebido (textus receptus) é uma versão  produzida pelo famoso  Erasmo de Rotterdam,  serviu de base para diversas traduções  como a Bíblia de Lutero, a Bíblia Rei James e para a maioria das traduções do Novo Testamento da Reforma Protestante, inclusive a tradução portuguesa por Almeida. Erasmo confiou em seis manuscritos de qualidade inferior , por serem de mais fácil acesso.  Nenhum desses manuscritos era completo e apresentavam alguns problemas. O Textus Receptus, é  endossado pela maioria (mais de 5000 manuscritos) dos manuscritos conhecidos foi amplamente utilizado durante toda a era da Reforma Protestante, e mesmo antes, pelos cristãos Valdenses e Anabatistas, e pela Igreja Católica Ortodoxa Grega. O Textus Receptus  advém do Texto Bizantino (ou Texto Majoritário).



O  texto crítico
 

Nós não possuímos mais os documentos originais da Bíblia, chamados de autógrafos, (os textos que saíram da pena ou foram ditados diretamente do punho apostólico) . O que temos são cópias, muitas e de diversos tamanhos e formatos. Algumas bem antigas e próximas dos originais, outras mais recentes. Mas sempre cópias. Isso gera algumas dificuldades que vamos ver daqui a pouco.

Com a descoberta  e publicação de textos de manuscritos mais antigos do Novo Testamento surgiu a versão bíblica chamada de texto crítico.  As novas traduções bíblicas começam a utilizar os chamados textos críticos, ou seja estabelecidos conforme os procedimentos da crítica textual.

A Crítica textual   é um esforço concentrado em tentar descobrir quais são as melhores cópias e versões onde se encontra o texto bíblico , através de métodos específicos para formar de várias cópias uma versão confiável.
Ela faz uma análise  das cópias  antigas para se chegar  o mais próximo do autógrafo (texto original). A análise inclui algumas técnicas e   critérios rígidos de comparação. São analisadas  evidências externas e internas. As evidências que sugerem uma ou outra leitura são ponderadas até que especialistas julguem qual é a mais provável. 
Evidências internas: Estilo e vocabulário através do livro; O contexto;  Harmonia com o uso do autor em outros lugares nos Evangelhos; 
Evidências  externas: Textos divergentes devem ser preferidos;A variante mais curta deve ser preferida a uma mais longa; A mais difícil variante deve ser preferida.




A composição da Bíblia

Nós não possuímos os autógrafos do Antigo Testamento e isso nunca foi um grande problema. A Tradução do Antigo Testamento é relativamente simples, não possuímos número elevado de cópias e por isso as diferenças são muito poucas. São baseadas principalmente no Targum aramaico, a tradução grega da Septuaginta e a Vulgata latina. O texto é praticamente o mesmo no seu registro em alguns documentos antigos encontrados com trechos do AT. O texto completo da Bíblia Hebraica mais antigo é o Códice de Leningrado, do ano 1008 depois de Cristo.

Não  possuímos também os autógrafos do Novo Testamento. No caso do NT essa situação gera uma situação um tanto mais delicada. Já iremos ver porque.

É necessário observar que seria praticamente impossível conservar o trabalho dos autores originais em seu material primário.
Primeiro porque fazem quase dois mil anos que foram escritos e poucos materiais usados como escrita da época durariam todo este tempo. Os materiais usados foram papiros, pergaminhos, nem sempre da melhor qualidade.
Segundo, mesmo que os materiais fossem bons e duráveis o uso intenso que se fez deles logo que foram distribuídos pelo mundo antigo os desgastou e os tornou inutilizáveis em pouco tempo. Deles se fizeram muitas cópias. Estas chegaram até nós.
Por último, a perseguição a que estiveram submetidos os crentes nos primeiros séculos foi muito severa e isso dificultou o cuidado e preservação dos documentos originais que precisaram ser escondidos dos guardas imperiais que  reviravam as casas dos cristãos em busca das Escrituras para queimar.

 Apesar disto, a  doutrina da preservação providencial tem sido fortemente defendida pelos teólogos conservadores  e estudiosos dos nossos dias. Temos bastante material confiável como fonte de pesquisa. Há aproximadamente cinco mil e setecentos manuscritos do Novo Testamento. Cinquenta e sete manuscritos completos do Novo Testamento. mais de dez mil manuscritos do NT apenas em latim. O mais interessante porém é observarmos que cerca de noventa e cinco por cento do texto do NT é totalmente original, ou seja, foi recuperado satisfatoriamente dentro das regras de criticidade textual.



Fontes:

https://exegesesacra.com/critica-textual/

http://www.biblias.com.br/devemsaber.asp

http://www.luz.eti.br/cr_origemoutraducao.html

https://setimodia.wordpress.com/2011/11/01/metodos-da-critica-textual/

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