Assim observarei de contínuo a tua lei para sempre e
eternamente. Salmos 119.44
Qual a diferença entre para sempre e eternamente? Muito diriam que
somente na grafia das expressões, por que sabemos claramente que elas são sinônimas, ou seja, possuem o mesmo significado.
Eu entendo que na linguagem corriqueira isso se aplica, mas na linguagem
poética do salmista isso possuía muito mais que este mero significado. O
que ocorre, quando salmista coloca as duas proposições juntas é que isto significa que
ele está dando mais ênfase a última.
Parece bem difícil de imaginar a eternidade, na verdade é impossível.
Nossa mente finita não abarca o infinito.
De fato a eternidade é a casa de Deus. É onde ele se move. Seu lugar de
referência.
Nossa casa é mortal, dura 100 anos ou no máximo cento e alguns, mas
vamos passar, não viveremos literalmente para sempre. Mas a eternidade é a casa
de Deus, pertence ao seu ser, eternidade pertence exclusivamente a Deus, nem
anjos, nem demônios, nem as criaturas da terra possuem este atributo. Todos
estes seres foram criados, passaram a existir em dado momento. Deus não, ele
sempre foi e sempre será a causa primeira de todas as coisas.
Poeticamente o salmista quis expressar seu desejo de estar para sempre
na presença do Senhor, para isso ele se propunha a ser um servo dedicado, que
estava disposto a cumprir rigorosamente a observância da divina lei.
Percebam que o salmista estende a importância da lei para além
desta vida terrena. Jesus concorda com ele , séculos depois ao afirmar ,
conforme registrado no livro de Lucas 21.33:
"Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não
passarão"
e ainda outra vez, em Mateus 5.17 diz:
"Eu não vir para abolir a lei , mas para cumpri-la "
É interessante observar que analisando desta forma percebemos que este
tipo de lei não pertence só a humanidade, é uma lei infalível, uma lei
que vige pela eternidade, uma lei que cruza a história do homem na terra , mas
não se limita a ela.
Ela é uma lei que jamais findará, jamais acabará, uma lei que nos dá
segurança, que nos dá certeza e convicção de sua infalibilidade, sua constância
e sua firmeza. A lei que nos torna um com Deus e com nossos irmãos.
Ora, é óbvio que não se trata da lei mosaica, pura e simplesmente, pois
a lei de Moisés é ampla, detalhada e refere-se a cerimônias, rituais, e até
mesmo detalhes específicos sobre a vida humana na congregação de Israel. O que ocorre é que no âmago da lei mosaica está a lei por excelência que foi tornada clara nas palavras
de Cristo:
“Amarás o Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás
o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22: 37- 39)
A lei que nos torna um,
que nos torna filhos de Deus, amigos de Deus, é a lei que nos ensina amar, quem
não ama não conhece o fundamento eterno da lei, não conhece a Deus e não sabe o
que é ser cristão.
Tenho convicção que é
desta lei, que o salmista trata, embora ele não possa , ou não saiba como
expressar isso ( Cristo ainda não havia introduzido a perfeita revelação do
amor de Deus).
Esta lei é que se revela
a Igreja nos dias de hoje como um mandamento eterno. Esta lei que nos garante que Deus não rejeita quem ele escolheu, por que está na sua lei, a lei do amor.
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