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Muito mais do que dízimo



Qual é a posição bíblica do Novo Testamento a respeito do dízimo?

Posso afirmar categoricamente,  Deus não exige 10 por cento da nossa renda. Ele  não exige de nós 10 por cento do nosso lucro. Precisamos desfazer essa visão equivocada no meio evangélico.



Deus  de fato  exige muito mais  que 10 por cento. Ele quer toda nossa vida, todo nossa ser, nosso coração devoto. E isso inclui nossa renda. Ele não aceita menos do que todo o nosso ser. No cálculo que o Senhor faz,  menos do que  tudo  é igual a nada. Se não nos envolvemos completamente com nossa vida com Deus então não temos nenhum relacionamento.

Se Ele deseja todo nosso coração, toda nossa lealdade isso significa que Ele quer todo nosso dinheiro. Mas não da forma como muitos pensam. Ele não deseja que entreguemos toda nossa renda para administração da Igreja. Vamos ler o que se segue para tirarmos uma conclusão acertada.


 O Dízimo no AT



Por boa parte das referências bíblicas, especialmente  no Antigo Testamento, quando se fala de contribuição,  isso se trata  de  10% do lucro obtido renda anual dos israelitas. É o famoso dízimo. Ele é anterior a Moisés, sua primeira menção na Bíblia está em Gênesis 14.20.


Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.



Assim como no exemplo de Abraão,  em que o dízimo foi entregue, voluntária e espontaneamente,  ao Sacerdote Melquisedeque Rei de Salém,   Jacó Também,  de forma voluntária, faz um voto pessoal com o Senhor. Ele se compromete em separar como seu avô Abraão, dez por cento de toda a sua renda. 
Leia este texto em Gênesis 28.20-22.

  
“Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa do meu pai, então, o Senhor será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo” 

Estes dois exemplos são suficientes para demonstrar que o dízimo é anterior à lei.  Além disto percebemos a tradição do dízimos em sociedades muito antigas, estudiosos afirmam que o dízimo existe há muito mais tempo que o cristianismo. Templos no antigo Egito, Grécia e Roma, por exemplo, cobravam tributos desde antes de 1500 a.C. 

Disto se percebe que dizimar era uma prática comum nas sociedades antigas, algo como o "imposto da religião".  Também percebemos que os hebreus estavam acostumados a fazer espontânea  e regularmente, a lei mosaica somente instituiu oficialmente e regulamentou a prática comum na nação de Israel.

Como lemos em  Números 18.21, o dízimo era o percentual devido aos Levitas e Sacerdotes que trabalhavam no santuário e no templo, consagrados exclusivamente ao serviço sagrado. O dízimo era dado no templo, pago aos sacerdotes. Ele  era oferecido a Deus, mas quem usufruía eram os levitas e sacerdotes que trabalhavam pra Deus. Na maior parte das vezes o dízimo não era pago em dinheiro, mas em produtos do campo, como carne, lã, vinho, trigo, entre outros gêneros alimentícios.

Além de manter os trabalhadores do templo e o templo o dízimo também era utilizado em contribuições assistenciais para os carentes e necessitados como lemos em Deuteronômio 14,28. Os levitas não possuíam herança no meio do povo, não plantavam nem colhiam, mas seu serviço era exclusivamente para o Senhor, no templo sendo alimentados e vestidos pelo restante de seus irmãos.



 O Dízimo no NT


Mas nós não somos Israelitas, porque  deveríamos então nos sujeitar ao dízimo da lei mosaica?
Naturalmente que não. Não estamos sujeitos à lei de Moisés. Estamos sujeitos às ordens de  Cristo, nosso Senhor e Salvador.

Sobre o dízimo, Jesus fala muito pouco, quase nada, sua intenção não era estabelecer uma religião pormenorizada e sistematizada para substituir o judaísmo. Ele deu parâmetros gerais do que deveria ser um seguidor de Cristo.   Lemos em  Mateus 19.21 .



 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue- me.  



Mas leia com calma, interprete à luz de todo o seu contexto. Nesta passagem  Jesus não está dizendo  para que cada um de nós venda   tudo que tem, deixe  sua família na penúria, as dívidas atrasadas para que possa  seguir-lhe. Esta  ordem era direcionada especificamente aquele jovem. Se ele deixasse seus muitos bens aos pobres Jesus o faria um dos discípulos! Quem sabe um dos 12 apóstolos, quão feliz ele seria!
 
Mas o  ensino é universal e fica para nós o exemplo. Cristo exige dedicação total ao compromisso com o Reino de Deus.  E para isso é preciso responsabilidade.


Nosso "dízimo" neste sentido pode incluir bem mais que 10 por cento da renda, pode incluir nosso precioso tempo ajudando um irmão que passa por necessidade, pode incluir oferecer nossa residência para um culto no lar, pode incluir  separar uma cesta básica , um kit de higiene, uma visita ao asilo, uma visita ao orfanato, enfim, há tantas coisas preciosas na nossa vida que precisamos investir no reino de Deus que o dízimo se torna pequeno perto disso. E estas coisas são indispensáveis ao verdadeiro fiel.

Mas não é só isso.

Paulo, o apóstolo que foi escolhido para organizar e instituir a Igreja primitiva recomendou que reservássemos uma parte de nossa renda para manter os que trabalham com dedicação exclusiva para o  Reino de Deus. Sejam pastores, professores, diáconos, músicos, enfim, dependendo da capacidade de uma Congregação de manter estes ministros.

Leiam  o que diz 1 Coríntios 9.6-14:



"Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?   Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante.  Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?



A verdade é que o  dizimo, e as contribuições,  nunca foram  para Deus,  mas sim para os custeios dos templos e para ajudar os necessitados.

Deus não precisa de dinheiro, Ele é dono de tudo. Apenas nos exige que valorizemos quem trabalha entre nós e tem o compromisso de administrar a congregação e se esmerar para ensinar o rebanho.



É preciso pois servir a Deus com nossas contribuições voluntárias. Leia mais em  2 Cor 9. 7 :



 "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."


Este trecho não deixa dúvida, estamos diante de um mandamento: CADA UM CONTRIBUA. E mais, não somente contribua, mas o faça com alegria. Esse é um dever e ao mesmo tempo um privilégio. 


 Lemos assim em 1 Timóteo 5.17:

Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. 


E em se tratando dos oficiais da Igreja, no Novo Testamento chamados de presbíteros, fica claro o ensino que a Igreja deve prover-lhes o sustento para que possam usar todo o seu tempo cuidando do rebanho e preparando a Palavra. Em muitas igrejas, o presbítero que está encarregado do ensino da Palavra é chamado de pastor,  Ele deve se dedicar com esmero especial a esse dever, por isso  recebe seu sustento dentre as contribuições da congregação.




Entendemos, por fim, que tudo que  possuímos é devido a bondade e misericórdia do Senhor é fruto da infinita graça divina. O dízimo é apenas o mínimo  justo que podemos dispensar para manutenção da casa de Deus, mas isso não nos desobriga de fazermos além disto , tudo o que for preciso e possível para ajudar os pobres , carentes e necessitados, bem como investir em missões e evangelismo que fazem parte do serviço da Igreja. A Igreja de Cristo é o Novo Israel,  povo Santo, chamado também a manter regular e proporcionalmente o sustento da obra de Deus na terra. Por isso, o padrão bíblico de 10 por cento é tomado referencialmente do Antigo Testamento. 
Contribuir financeiramente com nossa Igreja é um dever e um privilégio. Isso mostra que amamos a Jesus de coração e a nosso próximo como a nós mesmos. Sempre contribuindo com alegria, com sabedoria e com regularidade.

Contribuir é muito mais que dizimar.


Publicado em 23 de set de 2016

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