Só para esclarecer: existe uma música gospel chamada “Eu escolho Deus”, muito conhecida no meio evangélico. Porém, este texto não tem qualquer relação com ela, e não farei aqui críticas, sejam positivas ou negativas, à canção. Para esse tipo de análise existem diversos blogs , que cumprem esse papel com excelência.
O que me proponho a discutir é a escolha fundamental de todo salvo, a mesma que o salmista fez ao se decidir pela verdade. Essa foi a sua escolha: seguir a verdade.
Ao contrário do que muitos estudiosos da Bíblia afirmam, acredito ser possível que alguém escolha a Deus. Sei que essa posição gera polêmica e que alguns vão logo levantar acusações de pelagianismo ou heresia. Mas, antes de julgarem, peço que leiam todo o raciocínio.
O que sustento, biblicamente, é que alguns podem escolher a Deus — e essa escolha é livre e responsável. Não há decisão mais importante na vida. Escolher a Deus significa aceitar a verdade que liberta, salva e enche de esperança. Essa foi a sábia decisão do escritor do salmo: dizer “não” às ilusões e enganos da vida e optar pelo caminho da verdade.
Mas afinal, quem pode escolher a Verdade? Quem pode usufruir dessa bem-aventurança?
Somente os salvos, os regenerados, aqueles que estavam mortos e foram ressuscitados com Cristo. São eles que tiveram os olhos abertos para enxergar as maravilhas da salvação providenciada pelo Senhor. Esses compreendem sua completa depravação, sua incapacidade de alcançar o padrão divino, e reconhecem que apenas os méritos de Jesus podem salvá-los.
Esses, sim, podem fazer uma escolha livre. E, por mais contraditório que pareça, acredito que essa escolha é também irresistível. É impossível que alguém, tendo consciência de que caminhava para a perdição eterna e, de forma soberana, foi alcançado pela misericórdia divina, com os olhos abertos pela graça, ainda assim rejeite o convite da salvação.
É verdade que muitos parecem se desviar e abandonar a fé. Porém, quem realmente crê que a Bíblia é a Palavra de Deus, que o inferno é real e que Jesus é o único e suficiente Salvador, rejeitaria essa verdade? A resposta é não. O que existe são aqueles que professam a fé sem de fato conhecer a Cristo. Estes, sim, abandonam a congregação e revelam que nunca creram sinceramente. Se tivessem crido, não teriam abandonado; se cressem, não viveriam contra a pureza das Escrituras.
Esses acabam escandalizando a Igreja de Cristo, falham em seguir seus passos, pecam sem arrependimento e, por fim, zombam da fé alheia. Seguem o caminho dos ímpios. Foi o caso do rei Saúl, um exemplo de falso crente. No Novo Testamento, temos ainda Demas e Alexandre, o latoeiro, obreiros de Paulo que deixaram a verdade por nunca terem conhecido de fato o Salvador. São esses os que nunca escolheram a Deus, que jamais amaram de verdade o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Já nós, que cremos com sinceridade, somos chamados a escolher dia após dia seguir a Cristo. Esse chamado nos convoca a negar nossa vontade, tomar nossa cruz e andar nos passos do Salvador. O Espírito do Senhor nos fortalece, nos sustenta na perseverança e nos guia até o fim no caminho da verdade. Esse chamado é irresistível para os verdadeiros filhos de Deus: somos persuadidos pelo amor divino, abundante nos corações dos eleitos.
Por isso escolhemos a Deus — porque Ele nos escolheu primeiro. Por isso O amamos — porque Ele nos amou primeiro.

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