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Mulheres pastoreando e pregando - Feminismo ou Machismo ?



A questão da ordenação feminina para o exercício do ministério pastoral tem sido muito discutida.  Se temos líderes mulheres na política, na ciência e nas artes, por que não na igreja? 

Essa pergunta precisa ser respondida

A pergunta é respondida de diferentes formas por dois grupos principais no protestantismo atual: o Igualitarismo e o Complementarismo.

O igualitarismo propõe que Deus criou tanto o homem quanto a mulher como iguais, e que a submissão feminina foi uma consequência da queda, como uma punição divina. Através de Cristo, essa punição é anulada, permitindo que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens de ocupar cargos de liderança e pastorado na igreja.  

É extremamente importante destacar que os defensores do igualitarismo não estão apenas buscando justiça e equidade, mas sim lutando contra uma opressão histórica que tem sido perpetuada na igreja e na sociedade. Eles baseiam seus argumentos nas Escrituras, que claramente mostram que as mulheres desempenharam papéis importantes na liderança e ministério desde os tempos bíblicos.  O exemplo de Débora como juíza e profetisa em Israel e Priscila, que liderou uma igreja juntamente com seu marido Aquila, são apenas dois exemplos disso. É possível argumentar a favor da capacidade feminina em exercer qualquer papel antes atribuído somente aos homens.

Igualitaristas apontam vários exemplos bíblicos de mulheres que lideraram e exerceram autoridade, como a juíza Débora no Antigo Testamento e a líder de igreja Priscila. A Bíblia também menciona mulheres que profetizaram e ensinaram, como Ana no Templo (Lucas 2:36-38) e as quatro filhas de Filipe (Atos 21:9).  As mulheres tinham várias funções além de donas de casa.

A igualdade de gênero é uma questão de justiça e equidade, uma vez que homens e mulheres são igualmente valorizados por Deus. A teóloga Catherine Clark Kroeger diz: "A igualdade de valor diante de Deus implica a igualdade de oportunidades diante de Deus". 

 

Outros argumentos Igualitaristas

Algumas passagens bíblicas que parecem subordinar as mulheres eram, na verdade, culturalmente condicionadas. Por exemplo, a instrução de Paulo para que as mulheres fiquem em silêncio na igreja em 1 Coríntios 14:34-35 pode ser vista como uma resposta a um problema específico na igreja de Corinto, onde as mulheres estavam interrompendo o culto com perguntas.  Essa  proibição de Paulo sobre as mulheres falarem na igreja não deve ser vista como um princípio teológico imutável, mas sim como um mandamento cultural. Negar a liderança feminina na igreja com base em uma interpretação equivocada e limitada das Escrituras é perpetuar uma opressão que tem causado danos profundos a muitas mulheres ao longo da história.

Também é possível encontrar evidências de liderança feminina na igreja primitiva, como em Romanos 16:1-7, onde Febe é chamada de "diaconisa na igreja em Cencréia", e Andrônico e Júnias são apresentados como "notáveis entre os apóstolos". Essa passagem mostra que havia mulheres presentes como líderes na igreja primitiva. Se as mulheres não podem pregar nem ensinar nas Igrejas o Deus cristão seria machista.


Argumentos Complementaristas

Embora os Igualitaristas apresentem argumentos bíblicos em defesa de sua posição,  complementaristas argumentam que esses argumentos não são suficientes.  Wayne Grudem afirma que "a diferença de funções entre os homens e as mulheres não é o resultado da queda, mas foi estabelecida por Deus na criação". Ele também enfatiza que "a liderança masculina é uma expressão apropriada da criação de Deus, não uma distorção da queda".  Deus estabeleceu papéis distintos para o homem e a mulher, e que a diferença de funções não implica em diferença de valor ou em inferioridade de um em relação ao outro.

Além disso,   John Piper argumenta que a interpretação de Gálatas 3:28 como uma base para a igualdade nos papéis de gênero não é apropriada, já que o contexto da passagem é a salvação em Cristo, não o ministério pastoral. Ele afirma que "a igualdade fundamental dos homens e das mulheres em Cristo não significa que a diferença de papéis seja arbitrariamente estabelecida ou desnecessariamente restritiva. Pelo contrário, é uma expressão da sabedoria e da bondade de Deus".

Sobre a acusação de que Deus é machista,  John Frame argumenta que essa interpretação é equivocada. Ele afirma que "nós devemos ter cuidado para não impor nossas próprias noções culturais sobre Deus".  "Deus se comunica conosco em nossa linguagem e cultura, mas ele não é limitado por eles. Ele é livre para agir como quiser, inclusive estabelecer papéis diferentes para homens e mulheres".

Essa submissão não significa que as mulheres são inferiores aos homens, mas sim uma expressão de amor e respeito dentro do casamento. Além disso, as Escrituras mostram exemplos de mulheres liderando e ministrando, como Priscila e Febe. No entanto, essas mulheres não lideraram em detrimento dos homens, mas em complementaridade com eles, seguindo o modelo de liderança de Cristo. 

Este debate tem ainda muitos outros detalhes que  o tornam complexo. De maneira geral assumo a visão complementarista, que enfatiza a importância da distinção de gênero como parte da ordem criada por Deus. No entanto, isso não significa desvalorizar ou inferiorizar as mulheres, mas sim reconhecer que elas têm um papel igualmente importante na igreja e na sociedade. É fundamental promover a colaboração e a complementaridade entre homens e mulheres.  O debate sobre mulheres na igreja não pode ser definido pela cultura, pelo feminismo ou pelo machismo, mas deve ser pautado pela interpretação das Escrituras, com amor e fidelidade.   

 

 

Alguns teólogos complementaristas mais conhecidos  são:

Wayne Grudem - autor de "Bíblia e Feminismo: Uma Perspectiva Complementarista"

John Piper - autor de "Recuperando a Masculinidade e a Feminilidade Bíblicas" 

Mark Driscoll - autor de "Real Marriage: The Truth About Sex, Friendship, and Life Together"

Mary Kassian - autora de "Mulheres, Criação e o Plano de Deus"

 

 

Alguns teólogos Igualitaristas mais conhecidos:

 Kevin Giles: autor de vários livros sobre o assunto, incluindo "The Trinity and Subordinationism: The Doctrine of God and the Contemporary Gender Debate".

Mimi Haddad: presidente da Christians for Biblical Equality, organização que promove a igualdade de gênero na igreja e na sociedade. 

Ronald W. Pierce - É professor de teologia no Seminário Teológico Batista de Talbot e co-editor do livro "Discovering Biblical Equality: Complementarity Without Hierarchy". 

 

 Referências:  

Nancy Hardesty "Liberdade igualitária em Cristo significa a abolição da subordinação feminina" pode ser encontrada no livro "Women Called to Witness: Evangelical Feminism in the 19th Century" (1984), página 20.

Wayne Grudem, em seu livro "Biblical Foundations for Manhood and Womanhood

John Piper, em seu livro "What's the Difference?: Manhood and Womanhood Defined According to the Bible" 

John Frame, em seu livro "The Doctrine of the Christian Life"

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