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A angústia de Jesus. Marcos 14.33-35




Uma das passagens mais chocantes da Bíblia é justamente o trecho que demonstra claramente a humanidade de Cristo.  O relato inicia após o Senhor terminar a Última Ceia, ir para o monte das Oliveiras e chegar com os Apóstolos a um lugar chamado Getsêmani. É quando ele chama seus discípulos mais íntimos para um momento derradeiro de oração:

 

"E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João e começou a ter pavor e a angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai. E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora." Marcos 14.33-35

 

É comum enfatizarmos tanto a divindade de Cristo que desta forma corremos o risco de menosprezarmos a sua natureza absolutamente humana. Eu gostaria que pudéssemos considerar a natureza humana de Jesus neste texto. Aqui lemos sobre o Filho de Deus, Jesus Cristo, tomado de angústia e pavor, sentimentos perfeitamente humanos, e isso só foi possível porque Jesus era perfeitamente humano. 

 O ensino da encarnação afirma que Deus Filho deixou a eternidade para tomar a forma humana, nasceu como homem (encarnou), para habitar entre nós, sua criação. Para que deixasse seu trono e sua majestade foi preciso que se esvaziasse de sua glória e se fizesse semelhante aos seres humanos. Jesus foi uma criança, um adolescente com suas limitações naturais (Lucas 2.40, 52), ele teve fome (Mateus 4.2), sede (João 19.28), cansaço (João 4.6) e passou pela morte (Lucas 23.46). Ele foi um homem comum, mas sem pecado. Isso foi sua entrega.

 

Sem essa entrega humilhante ele não poderia morrer por nós. Sem isso ele não poderia sofrer tentação, dor e humilhação. Ele mostrou que nada o deteria na sua grande vontade de resgatar a humanidade caída.

 

Pense agora em como Cristo sofreu, como sentiu angústia sobremaneira elevada! Em nenhum outro trecho das Escrituras notamos o Mestre cheio de angústia e pavor. Em nenhum outro trecho ele pede ao Pai que lhe passe esse cálice. Que se houvesse outro meio de salvar os homens, então que ele pudesse ser livre de tamanho sofrimento. Mas não havia, e Jesus sabia disso, e deste modo, imediatamente ora para que não seja feita a sua vontade, mas a vontade de do Pai.

 

A parte humana de Jesus, por alguns instantes, queria evitar a angústia iminente e extremamente dolorosa. Ele seria traído por Judas, negado por Pedro, humilhado como um malfeitor perante as multidões, julgado por juízes hipócritas e torturado cruamente, antes de morrer! E isso tudo injustamente, sem merecer. Se Cristo não se angustiasse perante isso tudo ele não seria humano. Ele foi ao encontro de todo esse sofrimento voluntariamente, não recusou o cálice que o Pai lhe entregara. Sua obediência era plena e inequívoca. Jesus foi um homem, um homem perfeito, obediente e fiel.

 

E isso realmente importa. Importa demais saber que Cristo era perfeitamente igual a nós em suas capacidades e limitações. Ele não era um humano superpoderoso, que poderia desviar das tentações e sofrimentos humanos. Era um homem comum, com todas as limitações que a carne humana pode apresentar. Só desta forma ele pode compreender todas as limitações e tentações humanas. E assim pode se compadecer, nos entender e também interceder por cada um de nós (Hebreus 4.15-16).

 

Jesus mostrou que foi possível a um homem comum ( passível das mesmas limitações) viver sem pecar, mesmo sendo tentado a isso muitas vezes. Foi por causa desta obediência e desta submissão ao Pai que Ele criou um novo caminho para os céus, um novo modelo de relacionamento com Deus Pai.

 

No modelo antigo os homens pecadores (todos) preparavam sacrifícios e rituais para "cobrir" o seu pecado perante os olhos do Senhor. Precisavam dos sacrifícios pois sua conduta nunca chegava ao santíssimo padrão exigido pelo Senhor. Agora, no novo modelo, os homens não se voltam para Deus com seus méritos, apresentando suas obras, sua própria justiça, nem oferecem sacrifícios. O caminho agora é por meio de Cristo o homem perfeito. Ele criou um caminho através de seu sangue, sua pureza e santidade inigualável. Essa justiça o tornara aceitável perante Deus e por isso que, aquele que se achega ao Pai, por meio de Cristo, se torna igualmente aceitável. O sangue derramado na cruz provou sua obediência, sua bondade, sua fidelidade e seu infinito amor.

 

É importante lembrarmos sempre,  o quanto Cristo sofreu por nos amar, e por desejar ardentemente que a criação fosse restaurada. Sua angústia e seu pavor demonstraram o quão alto foi o preço pago por nossa salvação. Sem esse amor infinito de Jesus estaríamos perdidos para sempre, sem salvação, sem vida eterna e sem esperança alguma. Jesus era plenamente Deus e também era homem, um homem comum, um homem perfeito. E  isso garantiu  que ele pudesse pagar por nossos pecados e sermos justificados perante Deus Pai.

Bendito seja o bom Cristo por essa dádiva.

 

 

 

Comentários

Boa teologia, boa percepção do sagrado. Deus te abençoe!

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