Atenta para a minha aflição e livra-me, pois não me esqueço da tua lei. Salmos 119.153
Todos nós já passamos por situações em que precisamos com urgência de uma ajuda
ou socorro da parte de Deus. Por mais rico, cheio de saúde, ou bem relacionado
que possa ser, o cristão sempre enfrenta inúmeras adversidades. Nestas
circunstâncias adversas é natural que ele venha a solicitar livramento.
Temos
direito de pedir livramento? Ou direito
de pedir a solução de nosso problemas? Por que teríamos se não fazemos nada
para merecer algo de Deus. Só pedimos por saber que podemos contar com sua boa
vontade para conosco. Mas, e se ele não nos quiser dar o que desejamos? E se
ele não estender a mão para nos socorrer, ou abrir uma porta para passarmos?
O
salmista clama por misericórdia, mas coloca diante do Senhor a sua dedicação
em observar os mandamentos. Ele está
confiante em que vai ser atendido porque
sabe que tem obedecido aos divinos preceitos. E isso é seu trunfo. A sua
devoção sincera traduzida em obediência o faz confiante.
Obedecer
ao Senhor não nos dá o direito de exigir nada, de impelir, de requerer ou
reclamar algo, como se o Senhor ficasse nos devendo alguma obrigação. Não, não
é isso que o salmista está fazendo. É interessante porém notarmos que a sua
obediência lhe dava o direito de pedir, de solicitar algo ao Todo Poderoso. Ele
ficava tanto mais confortável de pedir quanto mais obediente procurava ser.
Como
ousaremos levantar os olhos e fazer nossas preces, pedido sobre pedido, demanda sobre demanda,
quando nem nos esforçamos para conhecer ao Senhor e sua santa vontade? Não
seria tolo de nossa parte? Sim, mas é o que muitos fazem, enchem o Senhor de
pedidos e não se esforçam o mínimo para cumprir-lhe os desígnios. É isso que eu
chamo de ingratidão antecipada. Como diz o teólogo Karl Barth "Oração é o
começo, o meio e o fim de todo esforço cristão. A oração é um ato de amor; as
coisas para as quais se pede são apenas as sombras do amor." - Karl Barth.
Jesus
nos ensina a pedir o que quisermos, com a condição de que sua palavra permaneça
em nós.
Se vós estiverdes em
mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes,
e vos será feito.
João 15.7
Não é
digno chegar diante de Deus para encher seus ouvidos de pedidos sem nem ao
mesmo ter a preocupação de honrá-lo procurando fazer-lhe a vontade. É
lastimável esta situação e muitos nem se dão conta do quão insensatos estão
sendo desta forma. Todos nós recebemos
todos os dias da graça de Deus em nossas
vidas. O que fazemos de tudo isso? Alguns desprezam, se esquecem de
tudo, pecam despreocupadamente, como se
todo esse desprezo, essa fatuidade não fosse afetar sua vida.
Deus
deseja abençoar seus filhos, mas deseja também que eles se preocupem em
obedecê-lo, em santificá-lo em suas vidas.
Filhos agradecidos e obedientes
são mais agradáveis ao Divino Pai. Precisamos cultivar um relacionamento
genuíno com o Senhor para podermos ter o direito de pedir. E sim, somos todos
imerecedores da sua bondade e graça, porém a obediência é a melhor coisa que
podemos oferecer ao Senhor por tantas bênçãos já recebidas e outras tantas que
queremos receber.
Referências:
A
citação é de Karl Barth e pode ser encontrada em sua obra "Church
Dogmatics, Volume IV: The Doctrine of Reconciliation, Part Three",
publicada originalmente em 1958.
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