É
notável como a comunicação e a comunhão da Igreja estão sendo
radicalmente afetadas com o avanço das tecnologias digitais. A
comunidade cristã não convive mais da mesma forma como conviveu
nestes últimos quase dois mil anos, pois a internet veio mudar
completamente essa relação.
A tecnologia tem um potencial muito grande
para ampliar positivamente a comunhão na igreja. Ampliar e melhorar. A realidade é que
ainda não estamos a utilizar esta ferramenta de modo sensato e
proveitoso. Sabemos que a Internet tem o objetivo primário de conectar e
integrar pessoas, apesar disto, o uso que temos feito dela, muitas
vezes, é para criar barreiras na nossa comunhão com os outros.
Jesus porém nos ensina a criar laços, ele mesmo foi o maior criador
de laços entre pessoas de toda história.Criar laços é estabelecer a comunhão com as pessoas.
E
aconteceu que, estando sentado à mesa em casa deste, também estavam
sentados à mesa com Jesus e seus discípulos muitos publicanos e
pecadores; porque eram muitos, e o tinham seguido.
Marcos 2.15
Marcos 2.15
Jesus
repassou seus ensinamentos aos discípulos e um deles em especial
aprendeu a lição da comunhão extraordinariamente depressa: O
apóstolo Mateus. Neste texto explicaremos como e porquê.
A Grande Janela
Como
já comentei em outros posts aqui do blog, percebo a internet como
uma grande janela para o mundo. Olhando desta janela você pode
conversar com os amigos, fazer uma compra rápida, acenar para
conhecidos, ou admirar a paisagem. Como qualquer janela, ela tem
usos diversos como anunciar, informar, entreter, comunicar,
encenar, depende do que você deseja.
A
janela serve para muitas coisas, mas não é o melhor lugar para ter
uma conversa mais séria, ou para aprofundar um relacionamento. Você
pode até abordar brevemente um amigo, ou trocar uma ideia rápida
com alguém, mas logo se fará necessário convidar aquela pessoa
para o interior da casa, para tomar um chimarrão, ou um café, um
suco ou mesmo uma xícara de chá, pois aí sim a comunhão terá seu
devido lugar. O lugar de aprofundar a comunhão é o sofá da sala ou
ao redor de uma mesa.
O
papel da internet é outro, e ela tem um lugar muito especial, que
encurta distância e facilita o contato com muito mais pessoas do que
antigamente. Aqui a possibilidade de interação se expande de uma
maneira jamais imaginada pelas gerações anteriores. Hoje, porém
seu uso ocorre de maneira muito insatisfatória, e isto especialmente
se tratando da vida cristã; Precisamos rever o uso da internet,
urgentemente.
Há
muitos que estão evitando o contato pessoal, frente a frente, olho
no olho, por preferirem os meios digitais. Neste sentido, as redes
sociais tornam-se em barreiras para a necessária convivência
fraterna entre cristãos. Uma pesquisa promovida pelo IBOPE mostra
que o brasileiro passa, em média, 84 minutos por dia usando um
smartphone. O número supera a média global em cerca de 10 minutos.
A igreja infelizmente contribui para o aumento da estatística, a
comunicação entre membros anda cada vez pior.
Nas
relações familiares a coisa também descamba, pessoas acabam
relegando a segundo ou terceiro plano a comunicação em família,
porque só conseguem enxergar a tela do celular ou pc. Até nos
cafés, shoppings, se você sair com amigos, pode perceber que nas
mesas alguns estarão com os celulares conversando com alguém de
fora.
As igrejas e os cultos virtuais
A
internet hoje é um desafio para a comunhão cristã. Um tremendo
desafio. Para muitos crentes de hoje, os cultos e pregações
transmitidos pela rede , que deveriam ser um complemento do culto
presencial, são seu único alimento espiritual.
O culto a Deus é primordialmente congregacional, feito no contexto comunitário. Esse afastamento pessoal é catastrófico para o exercício dos dons espirituais, que são
desenvolvidos por meio do convívio. Também é prejudicial para a
exortação cristã, a admoestação, a troca de experiências e o
aconselhamento pastoral. Somos seres humanos, precisamos de abraços,
apertos de mão, contato humano, precisamos olhar nos olhos uns dos
outros e precisamos sentir que estamos cultuando e adorando como uma
congregação. Esse tipo de coisa só ocorre com a presença real da
igreja reunida em adoração.
Os prejuízos causados pelas redes
No
convívio familiar a comunhão tem sido simplesmente destruída pelo
mau uso das redes. O diálogo se torna cada vez mais chato e
"desnecessário". Não há mais prazer naquela conversa
amistosa e desinteressada que tínhamos com amigos, colegas e
vizinhos. E isso naturalmente transborda para as relações em
família, onde estamos cada vez mais frios, distantes e
introspectivos.
Os
filtros das redes mascaram a realidade. Na rede alguns publicam
uma vida idealizada e um mundo repleto de felicidade. Ali em geral, são bastante resistentes a usarem de franqueza e honestidade a seu respeito pois
seriam julgados e rejeitados. Não podem mostrar como realmente
são, mas mostram como gostariam de ser. Ali, na Internet, várias pessoas se conhecem e se relacionam. Como sabemos, quantidade não é qualidade e os relacionamentos que se
dão unicamente por meio virtual são fragilíssimos, construídos sobre
um castelo de cartas pronto a desabar perante qualquer instabilidade.
Na rede pessoas que forjam uma imagem idealizada, geralmente fogem de um relacionamento
real que lhes mostraria sua parte mais complicada e difícil. O
resultado é o isolamento.. Esse isolamento pode
desfigurar emocionalmente a pessoa, tornando-a incapaz de compreender
e lidar com os próprios sentimentos. Nas redes sociais, você
facilmente deixa de seguir, bloqueia ou exclui quem pensa diferente, isso torna extremamente fácil evitarmos o conflito de ideias e a
troca de experiência com quem pensa um pouco diferente. Facilmente
ignoramos tudo que não gire apenas em torno de nós e de nossos
gostos. A internet permite relacionamentos descartáveis com bastante
conforto. Mas não
é esse tipo de uso da internet que Deus quer para sua vida. Não é
esse tipo de comunhão que você deve cultivar, nem este tipo de
amizade, que geralmente aparece na rede, amizades superficiais.
A mesa de Mateus
Como
tratamos no início, a mesa é um dos melhores lugares para a verdadeira comunhão. Jesus nos ensinou isso, ele ceava na
casa de Lázaro, Maria e Marta (João 12.1-11); sentou-se à mesa na
casa de Zaqueu (Lucas 19.1-10), e também na casa de Mateus.
E
fez-lhe Mateus um grande banquete em sua casa; e havia ali uma
multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa.
Lucas 5.29
Jesus
encontrou Mateus, coletor de impostos e a vida dele nunca mais foi a
mesma. Agora discípulo, transformado e renovado por Jesus, ele
abriu sua casa e chamou muitos de seus amigos, também coletores de
impostos, para conhecerem a Jesus. Mateus foi bastante sensato ao
oferecer uma refeição e reunir à mesa Jesus, os discípulos e
muitos dos publicanos, não haveria melhor método para evangelizar
na sua época do que convidar para comer junto.
Não
só para evangelismo, a comunhão cristã é fundamental nas nossas
reuniões na igreja também, especialmente no que diz respeito à
aproximação, ao contato social, ao toque, ao olhar e aos
sentimentos. Esta troca presencial é imprescindível nas nossas
relações sociais e afetivas. É bom quando nos reunimos para
comungar ao redor da mesa, como igreja, pois ali estamos a vontade
pra viver a vida cristã sem a maquiagem ou filtros das redes
sociais. É ao redor da mesa que compartilhamos nossas experiências,
alegrias e frustrações uns com os outros e podemos ser quem somos.
Olhem
que coisa maravilhosa aprendemos com este discípulo: Mateus repartiu sua alegria com os discípulos e com seus amigos coletores. Ele
abriu sua casa e seu coração para celebrar a chegada de Cristo em
sua vida. Ele abriu sua vida para compartilhar com amigos o que o
Senhor fez por si. Aprendemos muito com a mesa de Mateus.
Fontes
https://infonet.com.br/noticias/educacao/uso-excessivo-das-tecnologias-altera-convivio-social/
https://www.luzdaserra.com.br/o-chamado-de-mateus-e-simao
https://ocristaopentecostal.wordpress.com/2018/06/20/etica-crista-e-redes-sociais/
https://www.otempo.com.br/interessa/redes-sociais-prejudicam-rela%C3%A7%C3%B5es-com-amigos-e-fam%C3%ADlia-1.1431809
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