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A doutrina do pacto e as alianças de Deus.



Vamos propor dois modos para você entender a doutrina do Pacto. O modo resumido e o modo detalhado.
Primeiro caminhemos no modo resumido. Para isso, uma passada na  teologia pactual em duas breves considerações:  A e B.


A - UM POVO SÓ
Existe, e sempre tem existido, apenas um povo de Deus. Israel era a Igreja do Velho Testamento, e a Igreja é Israel no Novo Testamento. Apenas um povo escolhido e sua formação histórica.

B - DOIS PACTOS
Deus projetou a história da salvação em dois pactos.

1 - O pacto das obras. 

O pacto das obras prometia a vida, se eles fossem obedientes. Porém punia com a morte se desobedecessem. Adão quebrou sua aliança com Deus ao transgredir o único mandamento que havia recebido. Este foi o  primeiro pacto.

E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
Gênesis 2.16,17


2 - O pacto da Graça.

Jesus nasceu, obedeceu integralmente ao Deus Pai e instaura o novo pacto. O pacto que salva pela graça mediante a fé.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
Efésios 2.8,9


Para quem deseja entender um pouco melhor este assunto, aqui vai uma explicação mais detalhada.

A Teologia do Pacto  goza de inteira aceitação entre a grande maioria dos teólogos desde muito cedo na história cristã, ela não é uma invenção moderna. O primeiro pensador a tratar sobre isso foi Agostinho de Hipona. Ele que esclareceu biblicamente o que seria o pacto de Deus com o homem. Desde então há muitos documentos da história da Igreja que comentam sobre esse ensino. A doutrina pactual é usada na Confissão de Fé de Westminster (1646), a Declaração de Savoy (1658), de Londres, e na Confissão Batista de 1689.  Esta doutrina ensina que Deus administra a Aliança da graça de diferentes formas durante a história.
Vamos olhar agora a Confissão de Westminster ;




DO PACTO DE DEUS COM O HOMEM


- Confissão de Westminster capítulo VII:

I. Tão grande é a distância entre Deus e a criatura, que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência como seu Criador, nunca poderiam fruir nada dele, como bem-aventurança e recompensa, senão por alguma voluntária condescendência da parte de Deus, a qual agradou-lhe expressar por meio de um pacto. 



II. O primeiro pacto feito com o homem era um pacto de obras; nesse pacto foi a vida prometida a Adão e, nele, à sua posteridade, sob a condição de perfeita e pessoal obediência.



III. Tendo-se o homem tornado, pela sua queda, incapaz de ter vida por meio deste pacto, o Senhor dignou-se a fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto da graça; neste pacto da graça ele livremente oferece aos pecadores a vida e a salvação através de Jesus Cristo, exigindo deles a fé, para que sejam salvos, e prometendo o seu Santo Espírito a todos os que estão ordenados para a vida, a fim de dispô-los e habilitá-los a crer.
Se a primeira aliança se constituía numa relação entre Deus e o homem na qual Adão deveria cumprir uma única regra: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, sendo que o descumprimento traria a morte para si. A bênção estava na obediência e a maldição na desobediência.

A aliança com Adão falhou, mas a aliança da Graça é infalível. Cristo morreu para tornar nossa Salvação uma realidade incontestável, uma aliança eterna. Ele foi capaz de cumprir o pacto por mim e por você, nos ligando novamente a Deus e nos fazendo dignos de sermos chamados filhos de Deus.

Depois da falha de Adão e Eva não resta mais nenhum meio de salvação a não ser a confiança nos méritos de Jesus, o Filho de Deus, como nosso Salvador. Desta forma, em Cristo a Igreja torna-se o novo Israel e o Povo Santo no Novo testamento, pois não há mais divisão entre gentio e judeu. Como lemos:


Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.
Gálatas 3.28


O pacto das obras, estava embasado no princípio de "cumpra sua parte no contrato e viverás". A única condição a ser satisfeita era a obediência simples de uma ordem simples: "não coma da árvore proibida".  No caso, o primeiro  pacto é considerado como um  trabalho, um  esforço. Então se Adão houvesse mantido a ordem, e não desobedecesse, seria mérito dele, era seu esforço adquirindo a promessa, seu trabalho sendo recompensado.
De fato, Adão falhou miseravelmente, advindo daí a necessidade de um novo pacto.

Então temos o sublime  Pacto da Graça, ele é progressivo e podemos enxergar dentro dele alianças. Vamos vê-las surgindo gradativamente das Escrituras. Estas alianças são modos de Deus administrar sua graça salvadora, são formas diferentes do mesmo grande Pacto da Graça. Percebemos primeiramente 4 Alianças dentro do Pacto da Graça, três no Antigo Testamento e uma no Novo Aliança com Noé, Aliança com Abraão, Aliança da Lei. Percebemos que depois destas se dará a conhecer  uma aliança permanente, preparada desde a eternidade. Esta última chamar-se-á Aliança da Graça e confirmada no Novo Testamento. 

O Senhor nos provê salvação sob a forma de uma aliança que procede exclusivamente da graça incondicional de Deus. Esta aliança alcança os salvos depois do advento de Cristo, como os que nasceram antes, como Noé, Abraão e Moisés. Todo homem que foi, é ou será salvo, o será mediante a graça divina.

Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados .
Hebreus 9.15



AS TRÊS ALIANÇAS


Voltando a Gênesis tomamos conhecimento de três alianças: a primeira feita com Adão, chamada de aliança Edênica em Gn 3.14-19, promete um redentor que nasceria do ventre da mulher. Outra feita com Noé, Aliança Noética, registrada em Gênesis 6.17-22; 8.20-22; 9.1-7 e 9.8-17. Aliança Abraâmica, registrada em Gênesis 15.18 e 17.2, ligadas com a promessa de Gênesis 12.1-3. Todas as três primeiras registradas em Gênesis. Nos livros de Êxodo, Números, Levítico e Deuteronômio percebemos mais uma aliança, a quarta:  a Aliança do Sinai. Falaremos dela logo adiante.

É importante notar que essas 4 alianças são em essência participantes do  mesmo Pacto da Graça que estamos estudando. Elas são apenas um modo de Deus reafirmar o Pacto de Gênesis com Adão e Eva.

E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
Gênesis 3.15

Embora não compreendessem perfeitamente, os santos do AT eram salvos pelo Sangue do Cordeiro que havia sido morto antes da fundação do mundo (I Pedro 1.20). Este cordeiro ( o filho de Deus) havia sido profetizado em Gênesis 3.15.

Mais adiante Noé fora salvo pela graça, por meio da fé (Hebreus 11.7 ). Abraão também fora salvo mediante a sua fé, que lhe havia sido imputada por justiça ( Gênesis 15.6). A justificação pela fé é o cerne do pacto da nova aliança. Vamos agora a aliança sinaítica.



ALIANÇA DO SINAI


Este foi um pacto instituído por Deus com Moisés no Monte Sinai, quando Deus entregou-lhe a Lei . A Lei já existia, ou seja, seu princípio já estava vigorando desde a criação de Adão e Eva. Não matar, não roubar, não blasfemar, o dia do descanso, tudo isso foi posto na relação entre Deus e o homem. Porém no Sinai a Lei veio para marcar o território do pecado, para que ele pudesse mostrar toda a sua malignidade e também para mostrar ao homem a sua total incapacidade de salvar-se a si mesmo.

Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
Romanos 3.20.


A Confissão de Fé de Westminster, no capítulo 18, divide esses aspectos em lei moral, civil e cerimonial.

1 - Lei Civil ou Judicial –
Representa a legislação dada à sociedade israelita ou à nação de Israel; por exemplo, define os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições.

2 - Lei Religiosa ou Cerimonial –
Representa a legislação levítica do Velho Testamento; por exemplo, prescreve os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial.

3 - Lei Moral –
Representa a vontade de Deus para o ser humano, no que diz respeito ao seu comportamento e aos seus principais deveres.




A NOVA ALIANÇA


Quando percebemos a “Nova Aliança”, é a palavra grega “kainós” é usada para "nova", cujo sentido é de renovado. Desta a forma o Novo Testamento renova o pacto de maneira perfeita e definitiva.  Todos os pactos do Antigo Testamento estão total e cabalmente incluídos e cumpridos pela Nova Aliança.

31 Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá.
32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.
33 Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
34 E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.
Jeremias 31.31-34


Nova Aliança (Jeremias 31.31-34) é um pacto que abrange toda a humanidade , mas que primeiro foi pronunciado para um povo, o povo de Israel. Na Nova Aliança, Deus promete perdoar os pecados, e nos livrar da morte eterna. Agora que estamos sob a Nova Aliança, tanto os judeus quanto os gentios podem ser livres da condenação.
Podemos dizer que Cristo resume e cumpre todas as alianças em si mesmo, fazendo tudo aquilo que Adão nunca pode fazer.

A doutrina do Pacto abrange, amarra e explica todo o projeto de Deus para o homem e sua graça e bondade em nos salvar de nossos pecados. Ela une Antigo e Novo Testamento num único e magnífico bloco . Precisamos manter esta doutrina em nossa mente e coração, para sermos gratos a Deus por tão grande e imerecida salvação.

pois o Filho de Deus, Jesus Cristo, pregado entre vocês por mim e também por Silvano e Timóteo, não foi "sim" e "não",mas nele sempre houve "sim";Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós.
2 Coríntios 1.19-20.


Fontes

Gotquestions

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