Justo és, Senhor,e retas são as tuas ordenanças.
Salmo 119.137
Aqui o salmista está a reconhecer a noção de
retidão e perfeição na justiça de Deus. Ele é Justo e reto em todos os seus mandamentos.
Já ouvi diversas vezes pessoas dizendo algo
como: " Deus é amor, mas também é justiça", "Deus é
misericordioso, mas é justo." Afirmações como esta apontam para a
compreensão equivocada de que a justiça de Deus é um contraponto ao seu amor,
ou a sua misericórdia. A palavrinha MAS
é uma conjunção adversativa. As conjunções adversativas são aquelas que
indicam oposição e contraste - Mas; Porém; Contudo; Todavia; No entanto; Se
não; Não obstante; Ainda - e está
indicando uma contraposição, como se os termos dentro da frase fossem
contrários entre si. Usar MAS nestas
sentenças é um absurdo, é um erro que afeta nossa compreensão correta sobre
Deus.
É óbvio que não há contraste algum na natureza
divina, todos os outros atributos
divinos se conformam harmonicamente com sua justiça. Não há nenhuma
contrariedade, a justiça é totalmente
participante da natureza perfeita do Altíssimo.
A justiça é um atributo comunicável de Deus. O
que são atributos comunicáveis?
São aqueles atributos que Deus tem de forma
absoluta, mas que os seres humanos
também podem possuir em alguma medida. Na contramão dos comunicáveis
estão os incomunicáveis, aqueles que jamais conseguiríamos ter, como a
Infinitude, a Eternidade e a Onisciência ( saber de tudo que ocorre e existe no
Universo).
Vamos
analisar a radicalidade da noção de Justiça divina. Perceba esse fato: Quando o
ser humano pecador se vinga isso é mau, é inaceitável. Quando Deus se vinga
isso é bom e totalmente esperado. Parece um contrassenso, parece mas não é.
Deus é
justo, plenamente, e por isso exerce seu puder punitivo e vingativo. Quando
exerce este poder ele não está a ser mau, porém é preciso purgar os descaminhos
dos homens através da sua punição para que o Universo não fique maculado
irremediavelmente pelo pecado e pela injustiça.
O Juízo de Deus é exatamente a força que
aniquila e contém a força do mal nesta terra. Sem que a justiça divina fosse
aplicada não haveria nenhuma bondade entre os homens. Mas porque Deus é bom ele
também é justo e interfere na história da humanidade punindo às más ações.
Tudo que é verdadeiramente bom é justo. Tudo que
é justo é também bom. Mas é bom em relação a quem? Certamente o ser punido não
achará bom a punição.
É bom em relação a Deus. Ele é o único aferidor
da justiça e não há nenhum outro que possa julgar mais corretamente o que é bem
ou mal.
Temos que ver um atributo intimante ligado com o
outro, de tal modo que não seja possível conceber que Deus seja bom sem ser
justo e vingador do mal ao mesmo tempo. A perfeição divina é percebida nisto,
nesta uniformidade de sentimentos confluindo na bondade absoluta existente no Altíssimo.
Mas, nem sempre percebemos Deus punindo o homem mau, pois há
muitos ímpios que prosperam, se fartam de bens e morrem em ditosa velhice,
mesmo sem nenhum temor de Deus. De fato, ocorre alguns casos desta forma, mas
perceba que isso não é assim sempre, pois muitas vezes o rico padece de enfermidade,
ou sofre com problemas em sua vida familiar, ou tem qualquer outro problema sério que não envolva dinheiro. No final das contas
são bem poucos os que conseguem ter uma vida realmente boa aqui, sem receber a
punição por seus males. A estes poucos, que praticam os males aqui sem receber
a devida retribuição, aguarda-lhes uma
existência pós-morte infinita de sofrimento e dor por causa de sua
impiedade em vida.
Essa justiça tremenda implica que todo pecado
deve ser castigado, por mínimo que seja perante as vistas humanas. E sabemos
que todos pecaram ( Rm 3.23), e todos estão condenados.
Há um único modo com que Deus poderia salvar o
homem. Jesus
Cristo, perfeito homem, perfeito Deus, inteiramente justo e íntegro, não
merecedor de nenhuma condenação, morreu para que os que nele cressem não fossem
condenados.
Desta forma Deus cumpriu sua justiça em Cristo e
puniu o pecado dos seus eleitos na cruz. Desde então, quem crê em Jesus recebe a
justificação por seus pecados e a vida eterna.
Deste modo, Deus é justo e por isso é bom,
amoroso e misericordioso. Onde a bondade reina a justiça reina .
Haverá um dia reservado para que todo o Universo
seja livre do pecado e da malignidade. Aí então sua justiça reinará absoluta e
não haverá mais necessidade da vingança nem da punição divina.
Comentários