Ora
para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial,
tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram
a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, e
caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si
mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra
pública.
Pois
a terra que absorve a chuva, que cai freqüentemente e dá colheita proveitosa
àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus.
Mas
a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada.
Seu fim é ser queimada.
Hebreus
6.4-8
Há
muitos leitores e estudantes que se deparam com este texto e ficam
sobressaltados. Aqui parece indicar que seria possível alguém crucificar de
novo o Filho de Deus ou expô-lo à desonra. Isso seria assustador, ver a imagem do Filho de Deus novamente exposta no madeiro.
Parece até mesmo afrontar a lógica.
Este
texto também parece indicar que o crente que se afasta da comunhão perde a
salvação, o crente que se afasta por algum tempo de vir aos
cultos fica impedido de retornar à Igreja para sempre. Em uma
interpretação ainda mais rigorosa, (embora haja poucos os que a assumam) o crente que peca depois de receber a Cristo também
perde a salvação definitivamente. Isso também nos deixa bastante
preocupados. Quem de nós, mesmo depois de convertido, nunca pecou, nunca
falhou? Essa interpretação parece incoerente com as demais
Escrituras. Isso nos deixaria em situação perigosa. Ademais pode ser usado por aqueles que ensinam que um eleito pode
perder sua salvação, o que não é correto.
De
fato este é um texto difícil que merece ser explicado com detalhes.
A
carta de Hebreus foi escrita para uma Igreja que estava sofrendo terrível
perseguição, onde muitos cristãos novos convertidos estavam abandonando o
cristianismo para retornarem às práticas judaicas. A força com que a cultura
romana e a tradição judaica os empurrava para longe da salvação pela fé era tremenda.
Por
este motivo, o escritor de Hebreus menciona continuamente a superioridade
de Cristo, sua divindade e seu caráter messiânico e sacerdotal. Não
havia mais necessidade de regras e cerimônias depois que Jesus cumpriu tudo
isso em favor dos que nele creem. Não havia razão para deixar o cristianismo em
favor do judaísmo.
Para
estes, que tencionavam deixar a graça para seguir os ensinos da Lei
mosaica, é feita esta severa advertência, no texto lido.
Vamos
analisar o texto com cuidado, ponto a ponto, para ver do que se trata.
Aqueles
que uma vez foram iluminados - Aqueles
que receberam a luz do evangelho para crerem em Jesus. A iluminação da Palavra para aceitação das verdades reveladas. Estes receberam a Palavra em seus corações.
Provaram
o dom celestial - Os
que experimentaram a fé como dom que vem de Deus para sua salvação. Dom
celestial= Fé. Eles creram pois receberam a fé. Sua resistência ao evangelho foi quebrada até certo ponto, mas não foi total , como veremos logo adiante.
Participantes
do Espírito Santo - Ninguém
pode crer se não for legitimamente chamado pelo Espírito. Neste caso eles adentraram no "hall de entrada da salvação", ainda que não exatamente na porta. Os que recebem o
evangelho recebem o dom do Espírito Santo e são adicionados à Igreja de Cristo.
Como membros da Igreja visível estavam participando do Espírito que cuidava da
Igreja.
Provaram
a boa palavra de Deus - A
palavra era pregada cotidianamente nas reuniões da Igreja, palavra que
edificava e abençoava quem recebia. A Bíblia pregada com zelo e com
fervor. Os crentes experimentaram desta nova forma de Deus abençoar seu povo,
através da ministração bíblica pelos Apóstolos, presbíteros e mestres da
Igreja.
Os
poderes do mundo vindouro - Não
só a esperança de vida eterna, mas o poder de Deus em abençoar soberanamente
sua Igreja. Refere-se à providência especial do Senhor para sua Igreja, seu
cuidado sobrenatural para com nossas necessidades básicas. Esses poderes
do mundo vindouro são destinados aos que estão entre a Igreja visível.
É
possível que uma pessoa tenha experimentado tudo isso e volte atrás? É possível
que tenha sido tão abençoado e mesmo assim recue?
Já
saberemos a resposta.
O
texto nos diz que quem desta forma participou da vida na Igreja jamais poderá
voltar atrás, jamais poderá deixar este dom maravilhoso para seguir as regras e
cerimoniais judaicos, pois deixar a graça desta forma seria como expor o
cristianismo à ignomínia, à desonra. Seria como dizer: " Ser cristão não
vale a pena, não tem valor, Cristo não é suficiente para mim, eu
preciso seguir a Lei Mosaica."
Então
os que deixavam o cristianismo não eram eleitos, mas estavam bem próximos dos
que eram, e tinham provado muitas coisas celestes como um eleito pode
experimentar. Há pessoas assim nas Igrejas, pessoas que recebem muitos
benefícios de Deus, mas não desejam uma vida com Deus. Recebem tudo isso por
estarem na Igreja, estão recebendo o cuidado do Senhor por estarem
no meio do povo, mas o Senhor desde sempre sabia que , de coração , eles não
eram realmente seu povo. Este é o joio que está no meio do trigo e que no
devido tempo será desmascarado.
Pois
a terra que absorve a chuva, que cai freqüentemente e dá colheita proveitosa
àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus.
Mas
a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada.
Seu fim é ser queimada.
Deixar
a fé é coisa horrível. Isso é nada menos que um escárnio, um desprezo incrível
ao sacrifício de Jesus. Quem agia desta forma estava apostatando da fé.
Não
eram eleitos, mas pareciam, estavam entre os salvos, mas não eram. Seus frutos
não eram de eleitos, suas atitudes mostravam o quão inconverso eram seus corações perdidos. Conheciam mas não se renderam de toda a sua mente a Jesus. Eles adentravam ao hall mas não queriam enveredar pela porta. Estes resistiam à Graça do Espírito pois Deus assim permitia que acontecesse. Fazem parte da Igreja visível, que frequenta as reuniões e participa da Ceia, mas não da Igreja invisível, composta somente pelos salvos eternamente em Cristo Jesus. São ímpios disfarçados, são futuros apóstatas do evangelho.
O autor de Hebreus chama estes ímpios de terra amaldiçoada e que está prestes a ser condenada e queimada. Esse não é, e nunca será o destino do crente verdadeiro.
O autor de Hebreus chama estes ímpios de terra amaldiçoada e que está prestes a ser condenada e queimada. Esse não é, e nunca será o destino do crente verdadeiro.
Os
que agiam desta forma receberam de Deus tantos benefícios, tantas graças, tanta
benevolência que pareciam realmente salvos, pareciam eleitos, mas sua apostasia
provava o contrário. Sendo que estes, os apóstatas que abandonavam a Cristo não
mais se arrependiam e não mais poderiam voltar-se para Deus em verdade, pois o
Espírito deles se afastara. Estes cometiam o pecado contra o Espírito Santo e
jamais poderiam ser renovados para arrependimento.
Em
resumo, há aqueles que são iluminados, cuidados e agraciados pelo Espírito
Santo com toda sorte de bênçãos não tem a garantia da salvação. Mas os que,
dentre estes, confiam sinceramente em Jesus, o amam e guardam suas palavras no
coração em obediência , estes são os eleitos , preservados por
Cristo até o fim e não cairão.
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