O Batismo
infantil é uma doutrina bastante debatida e que não possui plena aceitação
entre todos os evangélicos na atualidade.
Dentro da
tradição evangélica pentecostal , em que vivi grande parte de minha vida
cristã, jamais aceitou-se o batismo infantil, por considerá-lo como resquícios
do catolicismo.
Mas desde
que me dediquei a compreender esta doutrina, e ler os argumentos, tanto
dos prós , quanto dos contra, fui persuadido de que o
pedobatismo ( batismo infantil) faz parte do pacto do Novo Testamento, Cristo com sua Igreja.
Autores reformados de excelente formação
bíblica assumem a posição pedobatista, teólogos como Jonathan Edwards, Charles
Hodge, Louis Berkhof, Antony Hoekema, Willian Hendriksen, John Stott, R.C.
Sproul, além dos teólogos brasileiros Augustus Nicodemus e Hernandes Dias
Lopes.
Desde
já digo que não vou tratar da questão da forma de batismo neste texto. Se é batismo por aspersão e batismo por
imersão. Em outra oportunidade lidarei com este assunto.
Vamos lidar
então, com alguns pontos do pedobatismo.
1º - Quais Igrejas Evangélicas assumem o pedobatismo?
Tradicionalmente
os Luteranos, Anglicanos, Presbiterianos e Metodistas, entre as mais
conhecidas.
2º - Existe diferença entre o batismo infantil católico e o
evangélico? Se existem quais são?
Na Igreja
Católica Romana, o batismo representa o primeiros dos sete sacramentos e é
considerado um rito de passagem. Ao receber tal benção, a criança inicia a sua
fé e sua vida cristã, tornando-se um filho de Deus, um discípulo de Cristo, um
membro da Igreja e abrindo seu caminho para a salvação. A Igreja então
aceita que o batismo teria o poder de regenerar a criança, transformando-a em
um salvo no momento do batismo. Esta doutrina chama-se regeneração batismal.
A sua grande preocupação é a salvação da criança que não tenha sido
batizada.
As Igrejas
Evangélicas que tradicionalmente assumem o pedobatismo não aceitam a doutrina
da regeneração batismal. No contexto evangélico o batismo é um sinal, um
símbolo de que aquela criança faz parte do círculo da Igreja, O batismo, como
um ritual religioso, destina-se somente a dar testemunho duma realidade
espiritual , um sinal que aquela criança foi assumida como parte da Igreja
visível.
3º - A Base histórica para o batismo infantil
Esta doutrina não surge especificamente
em Lutero, Zwinglio, Calvino e Knox, mas ganha especial força com estes reformadores . Eles
estavam reformando a Igreja , seria natural que levantassem ideias antigas que
haviam perdido força durante o caminho da Igreja na história. De
fato o movimento reformado manteve o pedobatismo em suas igrejas e campos eclesiáticos
, com exceção do movimento anabatista que não batizava infantes.
Porém
antes, bem antes dos reformadores, já na época de Orígenes (185-253 d.C.), temos registros de que o batismo de crianças era considerado uma prática normal, vinda do tempo dos
apóstolos. Cipriano respondeu que elas deveriam ser perdoadas
do pecado de Adão, o que acabou se transformando na doutrina do pecado
original, formulada por Agostinho (354- 430 d.C.).
A Igreja vem
administrando o batismo desde o dia de Pentecostes , por meio de imersão ou
aspersão, invocando a Trindade, para sinal e rito de entrada no corpo místico de Cristo , a Igreja. Apesar
disto, os reformadores não criam que o sacramento batismal tinha poder em si
mesmo, como veremos mais adiante, ele era apenas um símbolo a ser recebido.
4º - Os argumentos para o batismo infantil
O batismo seria o sinal visível da aliança
da graça, o ritual de entrada na Igreja de Cristo do qual a criança se torna
membro , considerado ainda não professante, pois ainda não teve idade para
compreender e assumir-se como membro do corpo de Cristo.
A Teologia
do Pacto, assume que existe uma continuidade na aliança da graça, e no caso do
ritual de entrada na aliança, que era dispensada de forma de circuncisão
no AT, e agora é dispensada na forma de batismo no NT. Neste caso ocorre a
mudança apenas dos sinais exteriores. Da mesma forma que os filhos dos
israelitas do AT, os filhos dos crentes do NT também estão incluídos na aliança
e portanto não há razões para não serem batizados.
Se não
fossem batizados não poderiam se considerar membros da Igreja.
5º - A base bíblica do batismo infantil
Há muitos
que dizem que para o batismo infantil não há nenhuma evidência bíblica
neotestamentária. Esta afirmação não é verídica, é baseada na falsa conclusão de que , por claro que
seja, o Novo Testamento não possui ordenanças ou instruções
específicas sobre o batismo. Porém , mesmo sem ordens específicas, há evidências sobre o significado do batismo
e para quem ele se aplica. Já iremos ver algumas referências bíblicas.
Alguns
ainda objetam que o batismo de João era para adultos, portanto deveríamos
batizar somente adultos. Porém o batismo de João não é o batismo de Cristo, ele
está localizado na Antiga Aliança. O batismo de João prefigurava o
batismo cristão não sendo porém a mesma coisa. O batismo cristão é instituído quando do surgimento da Igreja.
Outros
também afirmam que só percebemos exemplos de batismo de pessoas adultas no Novo
Testamento , sendo portanto este o modelo ideal de batismo. Esta objeção também
não leva em conta que as práticas religiosas e algumas doutrinas dos
cristãos do NT não foram pormenorizadas em detalhes, podendo , por exemplo,
deduzir das Escrituras o batismo de infantes em casos onde
toda a família do novo crente é batizada. Não há motivos para que Toda a
família exclua as crianças, pois estas sempre se contaram como parte da família.
Em cinco
lares no NT que foram visitados pela salvação, deve ter havido criancinhas.
Esses foram os lares de Cornélio (Atos 10), de Lídia (Atos 16), do carcereiro
Filipense (Atos 16), de Crispo (Atos 18) e de Estefânio (I Cor 1:16)” Vamos ler
dois destes textos:
Primeiro em
Atos 16.30-33:
Em
seguida, conduzindo-os para fora, rogou-lhes: “Senhores, o que preciso fazer
para ser salvo?
Eles,
prontamente lhe afirmaram: “Crê no Senhor Jesus, e assim serás salvo, tu e os
de tua casa!” E lhe ministraram a Palavra de Deus, bem como a todos de sua
casa. Naquela mesma hora da noite, tomando-os consigo, lavou-lhes os
ferimentos; e logo foi batizado, ele e todas as pessoas de sua casa .
E também em
I Coríntios 1.14-17
Dou graças
a Deus, porque a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a Gaio. Para que
ninguém diga que fostes batizados em meu nome. E batizei também a família de
Estéfanas; além destes, não sei se batizei algum outro. Porque Cristo
enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de
palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã.
Sobre o
argumento usado para o batismo como sinal do pacto podemos embasar
especialmente neste texto de Colossenses 2.11-12
"No
qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo
do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; sepultados com ele no
batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou
dentre os mortos"
Neste texto
Paulo afirma , nitidamente, que o batismo é a “circuncisão de Cristo”. Aqui ele
faz a ponte que liga o ritual do Antigo com o ritual do Novo
Testamento. A comparação é limitada e não admite exageros de
paralelismo.
Entendo que o batismo chama aos pais para a responsabilidade
de estarem criando os
filhos de Deus para Deus . No batismo, Deus toma a iniciativa para com
os nossos filhos, e os pais devem responder zelando pelo bem estar físico,
moral e também espiritual de seus filhos até que sejam por si mesmos responsáveis
por suas escolhas, perante o mundo e perante Deus. Quando isso ocorrer eles
devem professar sua fé publicamente como sinal que realmente creem no que lhes
foi ensinado.
Sendo caso
diferente para o novo converso que não vem de família cristã , este
precisa passar pelo batismo conjunto com a confissão de fé pública. Conforme
possuímos muitos exemplos nas Escrituras.
Fontes
http://www.monergismo.com/textos/batismo/analise-batismo-infantil_nozima.pdf
http://presbiterianoscalvinistas.blogspot.com.br/2008/06/batismo-infantil-uma-doutrina-peculiar.html
http://www.estudos-biblicos.net/batcons.html
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