Sou peregrino
na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmo 119.19
O cidadão do mundo moderno está
sempre correndo, sua agenda de
compromissos diários está lotada. Tem a prova da faculdade, seu
estudo diário, a hora marcada no dentista, o carnê para pagar, o parente para
visitar, o expediente no serviço para cumprir, etc... Na agitação constante da
vida, esquecemos a dimensão de nossa finitude. Esta é uma importante categoria
na nossa existência, não devemos desprezá-la.
Somos seres passageiros, o
salmista mesmo fala:
“Sou peregrino”
Ou seja, ele não é dono da
terra, ela não é sua verdadeira habitação.Ele está de passagem.
Imagine-se transportado para um
país estranho, um país de língua e
cultura totalmente desconhecidos. Lá você não pode ler o jornal, comprar
um livro, olhar um filme na TV, pois não
entenderá a língua. Não poderá passear ,afinal você não conhece os locais
seguros, você não pode abrir conta em banco, nem alugar casa, nada, você não é
cidadão deste local. Para piorar um pouco imagine que este país esteja em
guerra constante, os inimigos estão sempre à espreita e você está sem saber
onde deve se refugiar e em quem pode realmente confiar.
Parece algo absurdo? Trágico?
Impossível?
Pois é exatamente assim que o
Senhor quer que nós nos sintamos neste mundo, a não ser por um detalhe. Deus , nosso pai, nos prometeu levar para
casa, para o lugar que será para sempre nossa herança, nossa morada, um país
totalmente outro, diferente, onde há segurança, felicidade e todos falam a
mesma língua e são filhos do mesmo pai.
O salmista sentia-se seguro somente em Deus,
somente nele poderia confiar. Seus amigos, embora pudesse amá-los, sabia que
eram frágeis e instáveis, não podia esperar ajuda deles.
De fato , o verdadeiro salvo é
peregrino em terra estrangeira. Por isso ele sente-se confuso com esta guerra,
com está desilusão, com esta rebeldia dos homens, mentiras, intrigas, com este
caos em que o mundo se apresenta. Ele olha em volta e diz;
“Isso aqui não é para mim, é tudo tão absurdo,
guerras, violência, tragédias, traições, corrupções, maldades, mentira, isso
aqui não é para mim, eu abomino estas coisas”.
Sabe o que pode confortar o
peregrino? Justamente aquilo que os cidadãos naturais deste país mais temem, ou
seja, a dimensão de sua finitude. Ele sabe que vai partir, sua estadia é
provisória, ele esta ali apenas para cumprir a determinação do seu amoroso pai,
que não tardará em chamá-lo para retornar a sua casa. Ele é peregrino .
“Mas a nossa pátria está nos
céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo” Filipenses 3.20
Jesus foi mandado pelo Pai para
nos resgatar deste mundo em guerra. Esta guerra não é nossa, é de Deus, somos
apenas cooperadores dEle. Somos como este peregrino , lutamos cada dia
aguardando que chegue o momento da nossa retirada em glória para nossa pátria que está nos
céus.
Os mandamentos divinos fazem
parte da missão que nos foi confiada pelo nosso Senhor. Devemos cumpri-los
cabalmente, conforme nossas forças
Não é natural que um filho de
Deus sinta medo de partir. O pavor da morte pode atingir aos ímpios, os que
praticam as obras das trevas, mas não aos salvos em Cristo, que praticam as
obras da luz, conforme a Palavra
ensina.
Nossa finitude é motivo de alegria, significa
que não iremos para sempre amargar esta vida caótica e cheia de perigos, maldades
e frustrações.
Este é o dilema do peregrino,
ele é chamado para viver em um mundo totalmente diferente da sua natureza
transformada, ele não pode esquecer de sua condição transitória, ele precisa entender que tudo isso terá um final, e será breve. Esta expectativa da partida é angustiante para homem mundano, mas para o cristão é a esperança de partir para sua herança, o lar eterno e maravilhoso com Jesus.
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