O termo "cânon” é usado para descrever os livros que foram divinamente inspirados e, por isso, pertencentes à Bíblia. A palavra "cânon" vem do grego e significa uma "régua" ou "norma" pela qual as coisas são testadas. Ela é usada por Paulo em Gálatas 6.16 e Filipenses 3.16 (traduzida "regra" em nossa versão). No que se refere às Escrituras, o termo expressa quais os livros que deveriam ser incluídos.
O termo Cânon
foi primeiro empregado em relação aos livros das Escrituras no sentido
técnico da coleção ou corpo padrão dos escritos sagrados pelos Pai da Igreja do
século IV; no Concílio de Laodiceia (363
a.D); na Epístola de Atanásio (365 a.D); e por Amphilochius, Arcebispo de
Iconium (395 ad).
O processo de separação do cânon foi demorado
e feito por etapas,não sendo todos os livros incluídos de uma só vez. Não
existe dentro dos livros , nem em registro de palavras de Jesus ou dos
apóstolos uma lista com todos os livros inpirados
Este
processo não foi dirigido por homens mas sim pelo Espírito Santo, neste sentido
não é correto afirmar que a Igreja antiga tenha selecionados quais livros
entrariam e quais não, o que ocorreu foi que os 39 livros do Antigo e os 27
livros do Novo Testamento se impuseram ao Cânon Bíblico, eles forçaram passagem
por suas características divinas e inspiradas.
Como diria o Teólogo Oscar Cullmann, ‘os livros que formariam o futuro cânon se
impuseram na Igreja pela sua autoridade apostólica intrínseca, como ainda o
fazem, porque Cristo fala neles’.”
O Espírito decidiu que livros pertenciam ao cânone bíblico. Um
livro ou Escritura pertenceu ao cânone a partir do momento que Deus inspirou
sua autoria. Deus apenas convence Sua
Igreja de que livros deveriam ser incluídos na Bíblia.
Iniciado com Moisés, à proporção que os
livros iam sendo escritos, eram postos no Tabernáculo, junto ao grupo de livros
sagrados. A tradição afirma que foi Esdras quem reuniu os diversos livros e os
catalogou, desse modo estabelecendo a coleção de livros inspirados por Deus.
Desses originais, os copistas ou escribas fizeram cópias para uso das sinagogas
largamente disseminadas. Porém a crítica não aceita a tese de que livros
posteriores ao tempo do profeta figuram na Bíblia Hebraica, como é o caso do livro
de Daniel. Segundo especialistas, isso explicaria porque o livro de Daniel não
figura entre os escritos proféticos, mas nos hagiógrafos.
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Manuscritos do Mar Morto |
Referências nos escritos de Flávio Josefo (95
d.C.) indica a extensão do cânon do Antigo Testamento com os 39 livros que hoje
aceitamos. A discussão do chamado Sínodo de Jamnia (70-100 d.C.) parece ter
partido deste cânon. Nosso Senhor delimitou a extensão dos livros canônicos do
Antigo Testamento quando acusou os escribas de serem culpados da morte de todos
os profetas que Deus enviara a Israel, de Abel a Zacarias (Lc 11.51). O relato
da morte de Abel está, é claro, em Gênesis; o de Zacarias se acha em 2 Crônicas
24.20,21, que é o último livro na disposição da Bíblia hebraica (em lugar de
nosso Malaquias)
-Para o Novo Testamento, o processo de
reconhecimento e compilação começou nos primeiros séculos da igreja cristã.
Desde o início, alguns dos livros do Novo Testamento foram sendo reconhecidos.
Paulo considerou os escritos de Lucas tão cheios de autoridade quanto o Velho
Testamento (I Timóteo 5:18; veja também Deuteronômio 25:4 e Lucas 10:7). Pedro
reconheceu os escritos de Paulo como parte das Escrituras (II Pedro 3:15-16).
Alguns dos livros do Novo Testamento circulavam entre as igrejas (Colossenses
4:16; I Tessalonicenses 5:27). Clemente de Roma mencionou ao menos oito livros
do Novo Testamento (95 d.C.). Inácio de Antioquia reconheceu cerca de sete
livros (115 d.C.). Policarpo, um discípulo de João o Apóstolo, reconheceu 15
livros (108 d.C.). Mais tarde, Irineu mencionou 21 livros (185 d.C.). Hipólito
reconheceu 22 livros (170-235 d.C.). Os livros do Novo Testamento que
provocaram maior polêmica foram Hebreus, Tiago, II Pedro, II João e III João. O
primeiro “cânone” foi o Cânon Muratoriano, que foi compilado em 170 d.C. O
Cânon Muratoriano incluiu todos os livros do Novo Testamento, exceto Hebreus,
Tiago e III João. Em 363 d.C. o Concílio de Laodicéia estabeleceu que somente o
Velho Testamento (e os Apócrifos) e os 27 livros do Novo Testamento deveriam
ser lidos nas igrejas. O Concílio de Hipona (393 d.C.) e o Concílio de
Cartagena (397 d.C.) também afirmaram a autoridade dos mesmos 27 livros.
Vejamos alguns critérios usados pela Igreja
Antiga para reconhecer quais livros foram inspirados por Deus.
- Ø A índole mesma do livro examinado, ou seja, a sublimidade de sua doutrina, o encanto singular de seu estilo, a sua aptidão a suscitar sentimentos piedosos;
- Ø A experiência do respectivo leitor, o qual seria movido à compunção ou perceberia o testemunho interno do espírito santo;
- Ø O fato de ter sido o seu autor profeta, apóstolo ou discípulo de profeta ou apóstolo;
- Ø O testemunho dos pais da igreja e a constância dos mártires ao confessarem a índole inspirada de determinado livro;
- Ø O estudo da história do cânon (ou catálogo) bíblico.
- Ø A coerência do ensino do livro com os ensinos de outros livros já reconhecidos.
- Ø O livro deve ser aceito, lido e usado para pregação , pela igreja como um todo.
A Bíblia protestante é constituída por 66
livros, 39 dos quais formam o Antigo Testamento e 27 o Novo Testamento. Já a
Bíblia católica possui, além desses 66 livros, outros sete livros completos
(Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Baruque, Sabedoria e Eclesiástico) e
alguns acréscimos ao texto dos livros de Ester (10:4 a 11:1 ou a 16:24) e
Daniel (3:24-90; caps. 13 e 14). Esses livros e fragmentos adicionais são
chamados de deuterocanônicos, pelos católicos, e de apócrifos, pelos
protestantes.
Os apócrifos (ou deuterocanônicos) foram produzidos,
em sua maioria, durante os dois últimos séculos a.C. Embora não fizessem parte
da Bíblia hebraica dos judeus da Palestina, eles foram incorporados à tradução
da Bíblia ao latim (Vulgata Latina), que preservou e popularizou esses
acréscimos durante a Idade Média. Já o Concílio de Trento decretou em sua
Quarta Sessão, reunida em 8 de abril de 1546, que aqueles que não reconhecessem
os apócrifos da Vulgata Latina como genuinamente “sagrados e canônicos”
deveriam ser anatemizados. Conseqüentemente, todas as versões católicas da
Bíblia preservam até hoje esses escritos.
Os protestantes, por sua vez, reconhecem o
valor histórico dos apócrifos, mas não os consideram como canônicos ou
inspirados. Esta posição deriva do fato de tais escritos (1) não fazerem parte
do cânon hebraico do Antigo Testamento; (2) não haverem sido citados por Cristo
ou pelos apóstolos no Novo Testamento; e (3) apresentarem ensinamentos
contrários ao restante das Escrituras. Entre esses ensinamentos encontram-se,
por exemplo, as falsas teorias da existência do purgatório (Sabedoria 3:1-9;
contrastar com Salmo 6:5; Eclesiastes 9:5, 10); das orações pelos mortos (II
Macabeus 12:42-46; contrastar com Isaías 38:18 e 19); de que anjos bons mentem
(Tobias 5:10-14; contrastar com Mateus 22:30; João 8:44); de que o fundo dos
órgãos de um peixe, postos sobre brasas, espantam os demônios (Tobias 6:5-8;
contrastar com Marcos 9:17-29); de que as esmolas expiam o pecado (Tobias 12:8
e 9; Eclesiástico 3:30; contrastar com I Pedro 1:18 e 19; I João 1:7-9). Isso
nos impede de aceitar a inspiração e a canonicidade dos
escritos apócrifos (ou deuterocanônicos).
Fontes
bibliotecabiblica.blogspot.com.br
templojovemvirtual.blogspot.com.br
www.gotquestions.org
conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br
Dr. Alberto Timm, Revista Sinais dos Tempos, dezembro de
1997, p. 28.
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