O
Cisma do Oriente
Antes
de tudo , importa ressaltar um fato ocorrido bem antes do cisma. No final do
século IV d.C., nascia o Império Romano do Ocidente, com
sede em Roma; e o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla.Uma divisão necessária devido ao tamanho do império a ser governado.
Naquela
época, o Imperador Teodósio já tinha proclamado o Edito de Tessalônica,
decretando o cristianismo como religião oficial do Império. As perseguições já haviam cessado.
Porém, as
duas partes do império desde então estavam em conflito entre si. Contrastes
culturais, políticos e religiosos estavam cada vez mais acentuados entre as
partes. Estes
fatores culturais e políticos com certeza afetavam a vida da Igreja e tornavam
mais difícil manter a unidade religiosa. Nisto podemos perceber que o afastamento cultural e político pode
facilmente levar a contendas de caráter eclesiástico, como podemos constatar no
caso de Carlos Magno. O imperador, não tendo sido reconhecido na esfera política pelo
imperador bizantino, logo retaliou com uma acusação de heresia contra a Igreja
bizantina. Denunciou os gregos por não usarem o filioque no Credo .
A
Cláusula Filioque
Filioque
(em latim: "e (do) Filho") é uma frase encontrada na forma do Credo
de Niceia em uso na Igreja Latina. Ela não está presente no texto grego do
credo como formulado originalmente no Primeiro Concílio de Constantinopla, onde
se lê apenas que o Espírito Santo procede "do Pai":
Na
verdade, o Evangelho afirma que o Espírito Santo procede do Pai (cf. Jo 15,
26); o Credo Niceno-constantinopolitano (381) repetiu esta profissão de fé.
Todavia os latinos acrescentaram ao Credo a partícula Filioque, professando que
o Espírito procede do Pai e do Filho. Isto deu origem a calorosa controvérsia,
pois os cristãos orientais se puseram a acusar os ocidentais de haver alterado
o Símbolo da Fé.
As
Divergências Ocidente-Oriente
A divergência doutrinária em torno do Filioque foi apenas uma das muitas que haviam na época. No campo eclesiástico temos: O
Oriente reconhecia o Papa primeiro entre iguais, ou seja, os Patriar. No ocidente, por outro lado,
havia só uma grande sé que reivindicava para si a sucessão apostólica - Roma -
donde passou a ser vista como a sé apostólica. O ocidente, mesmo aceitando as
decisões dos Concílios Ecumênicos, não tinha um papel muito ativo nos mesmos. A
Igreja era vista mais como uma monarquia - a do Papa - do que como um
colegiado.
Esta
diferença inicial de pontos de vista se tornou mais séria devido a
acontecimentos políticos que se seguiram. Como era de se esperar, as invasões
dos bárbaros e a consequente queda do império no ocidente serviram para tornar
mais forte a estrutura autocrática da Igreja ocidental. No oriente havia um
chefe secular muito poderoso - o imperador - para manter a ordem e fazer
cumprir a lei. No ocidente, depois do advento dos bárbaros, havia um grande
número de chefes guerreiros, todos eles, de um certo modo, usurpadores. Na
maioria das vezes era o Papado sozinho que podia desempenhar o papel de centro
de união, como um elemento de continuidade e estabilidade na vida política e
espiritual da Europa ocidental. Por força das circunstâncias, o Papa assumiu um
papel que os Patriarcas Gregos não foram chamados a fazer. Tornou-se um
autocrata, um monarca absolutista, que se colocou acima da Igreja, expedindo ordens
de um modo que poucos ou nenhum bispo do oriente jamais havia feito, não só
quanto aos subordinados da Igreja, mas também quanto as autoridades seculares.
A
Igreja no ocidente tornou-se centralizada a um ponto que era desconhecido em
qualquer dos patriarcados no oriente (com exceção possivelmente no Egito).
Monarquia no ocidente; no oriente um colegiado. Não foi este também o único
efeito que as invasões dos bárbaros tiveram na vida da Igreja.
Em
Bizâncio havia muitos leigos cultos que tinham um grande interesse em teologia.
O
teólogo leigo sempre foi uma figura aceita na Ortodoxia; alguns dos patriarcas
bizantinos mais cultos - Photius, por exemplo - haviam sido leigos antes de
serem escolhidos para o Patriarcado. No oeste, no entanto, a única educação
efetiva que sobreviveu a "Idade das trevas" era a que a Igreja dava
ao clero. A teologia tornou-se privilégio dos padres, uma vez que a maior parte
dos leigos era analfabeta, e não era capaz de entender as tecnicidades de uma
discussão teológica. A Ortodoxia, apesar de confiar ao episcopado a tarefa
especial de educar, nunca conheceu uma divisão tão grande entre o clero e os
leigos, como a que se deu na Idade Média no Ocidente.
O
leste e o oeste se tornavam estranhos um ao outro, o que era algo que
provavelmente afetaria ambos os lados. Na Igreja primitiva tinha havido unidade
na fé, mas uma diversidade de escolas de teologia. Desde o início tanto o leste
quanto o oeste haviam enfocado o mistério cristão cada um a sua maneira. O
enfoque do ocidente era mais prático; o do leste mais especulativo.
O
pensamento romano foi influenciado por conceitos Jurídicos, pelos conceitos da
lei romana, enquanto que os gregos viam a teologia, no contexto da adoração à
luz da Liturgia Sagrada.
Além
destas duas questões principais, as reivindicações do Papa e o filioqüe havia
outros assuntos menos importantes quanto ao culto e à disciplina na Igreja que
causaram problema entre o Oeste e o Leste - os ortodoxos admitiam que o
casamento para membros do clero, os romanos insistiam no celibato clerical; os
dois lados tinham normas diferentes quanto ao jejum; os ortodoxos usavam pão
fermentado na eucaristia, os romanos pão não fermentado ou "ázimo."
O
Cisma
Em
1043, tornou-se patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário (1000-1058).Logo
Cerulário firmou-se no poder começou a mandar fechar as igrejas dos latinos em
Constantinopla, e confiscou seus mosteiros, agravou ainda mais os desníveis
entre bizantinos e latinos. E depois, quando três prelados (entre
eles o cardeal Humberto de Moyenmoutier) foram enviados pelo papa Leão IX para
Constantinopla em 1054, os legados do papa colocaram
publicamente sobre o altar da basílica de Santa Sofia, uma bula com a
excomunhão de Cerulário. Em resposta, o patriarca de Constantinopla queimou a
Carta e reuniu um sínodo que excomungou o Leão IX e a Igreja de Roma. O cisma
bizantino estava consumado.
O
dia 16 de julho de 1054, marca a separação entre a Igreja de Constantinopla e a
Igreja de Roma. De um lado fica a Católica Romana (ramo latino ocidental) e do
outro, a Católica Bizantina Ortodoxa (ramo grego oriental). Em 1058, Miguel
Cerulário foi detido e deportado pelo imperador Isaac Commeno; morrendo antes
do julgamento.
As
relações entre a maioria dos latinos e greco-bizantinos permaneceram amigáveis;
não havia consciência de que a unidade da fé se rompera por querelas teológicas
já ocorridas.
Características
da Igreja Ortodoxa
-
Adota os mesmos sacramentos da Igreja Romana – batismo, confissão, comunhão,
crisma, ordens sacras, matrimônio e unção dos enfermos.
-
Os rituais são cantados sem o acompanhamento de instrumentos musicais.
-
Proibido o uso de imagens esculpidas de santos, exceto o crucifixo e os ícones
sagrados.
-
Não aceitam a infalibilidade papal,
-Não
aceitam o conceito de purgatório.
-Rejeitam
a doutrina católica da Imaculada Conceição, segundo a qual Maria teria nascido
sem pecado e concebido seu filho virgem.
Foi
aproximadamente no fim do século XIII que a Igreja Bizantina Grega (constituída
pelos Patriarcas de Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém)
junto com suas desdobradas Igrejas eslavas nos Bálcãs se encontrariam separadas
da comunhão plena com a Sé de Pedro. Até hoje as Igrejas Ortodoxas Orientais
(como são comumente conhecidas), consistentes em torno de 16 igrejas nacionais,
são as herdeiras do cisma .
Fontes
ecclesia.com.br
blogdomaximus.com
veritatis.com.br
alfredopaschoal.arteblog.com.br
cultural.bzi.ro
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