A Palavra de Deus nos chama para viver uma vida
voltada para as coisas do céus, ela afirma que não somos deste mundo, somos
peregrinos em terra estranha. Jesus afirma que seu reino não é deste mundo.
Apesar de tudo, estamos no mundo para
transformar a cultura, como sal da terra e luz do mundo, e por isso a Igreja não
deve ser omissa em sua missão de temperar a sociedade, contribuindo para que a
mesma tenha valores dignos e justos. Nossa contribuição é sempre mais do que apenas espiritual , é social. E como seres sociais, seres políticos , devemos entender o que significa isso para o cristão.
Vamos analisar agora alguns pontos sobre o cristão e a política:
O dever perante as autoridades
O cristão tem um dever claro perante as
autoridades, ele deve honra e submissão a elas. Sua desobediência atraí
a maldição de Deus. Romanos 13 é clássico para explicar isso:
Toda a alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridade que
há foram ordenadas por Deus.
Por isso quem resiste à autoridade resiste à
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
Porque os magistrados não são terror para as
boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o
bem, e terás louvor dela.
Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas,
se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de
Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.
Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos,
não somente pelo castigo, mas também pela consciência.
Por esta razão também pagais tributos, porque
são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem
tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra,
honra.
Romanos 13.1-7
Todos nós viemos ao mundo já com um conjunto definido de obrigações e
deveres. Nascemos num mundo democrático, pelo menos no Brasil, e temos obrigações por causa disto. Paulo orienta a que estejamos submissos às autoridades constituídas, pois, apesar delas serem colocadas
lá seja por voto, por luta armada ou por qualquer outro meio, estão em
posição de autoridade e merecem respeito, obediência e honra. Em última instância foi Deus quem as colocou lá. Perceba que Paulo nunca questionou a legitimidade do imperador romano, pois a ordem era
obediência sem rebelião.
Se por um lado nosso dever é obedecer, por outro, o dever primário das autoridades é defender. É compromisso dela estabelecer o juízo e a segurança pública, já que possui o monopólio do uso da força.
É ela que possui o "poder da espada", constituído por Deus para nossa
proteção. Exército e polícia encontram sua razão de ser aqui neste ponto, pois
o dever do crente é esperar no Estado a
provisão de sua segurança e cobrar do mesmo que esta proteção seja bem feita.
Por último, Paulo cita o dever de pagarmos o tributo e aqui fica claro que a sonegação de qualquer imposto se torna em pecado, pois nosso dever é manter financeiramente as estruturas de poder que estão acima de nós. Se o recurso não sendo aplicado corretamente existem mecanismos para verificar e condenar os maus administradores no poder público. Cabe a população cobrar a correta fiscalização e cumprimento de leis.
Todos estes deveres não estão acima da
autoridade maior, Deus, e nenhum mandamento bíblico pode ser quebrado sob o argumento de se estar
obedecendo a uma lei humana. Sempre que as leis seculares entrarem em choque
flagrante ao mandamento de Deus , devemos nos recusar abertamente a
obedecer-lhe, sob pena de uma obediência irrestrita ao poder do Estado se
constituir em idolatria. Como Pedro disse: "Antes importa obedecer a Deus do que os homens" ( Atos
5.29).
Em quem o cristão deve votar?
O crente tem o dever de votar e votar bem, com
consciência. É irresponsável deixar o
governo nas mãos de iníquos. Mas a
pergunta é: Em quem votar?
Seria muito bom que dentre os crentes genuínos
surgissem vários com grandes capacidades políticas e administrativas que se
dispusessem a participar do pleito para
receber nosso voto, mas nem sempre é isso que acontece. Ocorre de alguns bons
crentes não terem competência nem talento político e, por isso, não serem
boas opções para voto. Outros são bons de política e de administração e são
péssimos moralmente, desta forma também tornando-se não merecedores do nosso
voto. O ideal é não só capacidade política separado da boa moral, nem só
uma vida íntegra e correta separada da
capacidade política, é bom conjugar a capacidade com a moralidade.
Em muitos casos, a melhor opção de
voto será um não crente que tenha uma vida
moralmente íntegra, ideias legítimas e boa capacidade política para o cargo que
se propõe. Não se deve votar em alguém apenas porque o mesmo se diz evangélico
ou cristão, ponham a prova a conduta do candidato.
A melhor coisa é orar e pedir orientação a Deus na sua escolha. Deus nos guiará a escolha acertada. Não sabemos quem irá ganhar as eleições, mas, por meio da Bíblia, entendemos que Deus já escolheu o candidato que irá vencer o pleito. Sabemos que os propósitos de Deus sempre se realizam nas eleições. Nisto, o cristão descansa.
A melhor coisa é orar e pedir orientação a Deus na sua escolha. Deus nos guiará a escolha acertada. Não sabemos quem irá ganhar as eleições, mas, por meio da Bíblia, entendemos que Deus já escolheu o candidato que irá vencer o pleito. Sabemos que os propósitos de Deus sempre se realizam nas eleições. Nisto, o cristão descansa.
O cristão deve fazer política?
No Antigo testamento temos muitos exemplos de
homens de Deus que fizeram carreira política. Suas administrações foram ótimas,
foram justas e economicamente exemplares. No
Egito José , na Babilônia
Daniel, na Judeia dominada pela Pérsia , Neemias.
A história secular também está repleta de
excelentes políticos, que também foram crentes, e que mudaram os rumos de nações e estados,
especialmente no terreno do desenvolvimentismo e da moralidade. Exemplos como o
de Abraham Lincoln dos Estados Unidos e William Wilberforce na Inglaterra, que foram essenciais para abolição da
escravidão em seus respectivos países, ou ainda Abraham Kuyper, o que foi um
formidável Primeiro-Ministro dos Países Baixos entre 1901 e 1905. Só para
esclarecermos sua importância , veja o que foi dito dele no seu 70 º aniversário, numa celebração
nacional: “A história da Holanda na
igreja, no Estado, na imprensa, na escola e nas ciências dos últimos quarenta
anos, não pode ser escrita sem a menção de seu nome em quase todas as páginas,
pois durante este período a biografia do dr. Kuyper é, numa extensão
considerável, a história da Holanda." Ele foi um excelente político e
também foi um bom cristão.
Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios
governam, o povo geme.
Provérbios 29.2
Devemos entender bem nosso chamado e jamais confundirmos as coisas.
Desta forma um bom líder de igreja, um
pastor, jamais irá se ocupar também com cargos políticos. A Igreja exige cuidados extensivos e não pode ser relegada a
segundo plano. Um bom político entenderá isso e saberá usar o seu espaço para
glória de Deus.
Política na Igreja
A Igreja
pode e deve ensinar sobre a importância
da política mas não deve tomar partidos. A Igreja é uma esfera independente da
política e deve se manter assim. Muitos erros foram cometidos por causa da
união entre estado e Igreja no decorrer da História. Não devemos esquecer que a
Igreja é um Reino espiritual, sem pretensões de conquistas ou domínios
terrenos. Como cristãos devemos defender o estado laico, com separação nítida
entre Igreja e estado. Teocracia só quando Cristo vier novamente para finalmente reinar com sua Igreja no
mundo recriado.
Políticos não devem subir no púlpito, nem fazer
qualquer tipo de campanha política nas imediações do prédio da Igreja, isso é
antiético e imoral. Há lugar para comícios e campanhas e este não é o
lugar onde são feitos os cultos. A
escolha partidária ou de candidatos é individual, de acordo com a consciência de cada um. A Igreja não deve
impor partido ou político como escolha obrigatória.
Nosso dever político
O cristão tem o dever de fazer a diferença na
sociedade onde está inserido. Ele deve cobrar leis mais justas, igualdade, justiça social e seus direitos estabelecidos. Ele também não
pode se omitir diante da corrupção. O cristão transforma as más práticas da
sociedade. Segundo Wayne Grudem:
“… a influência cristã levou à extinção males
como o aborto, o infanticídio, as lutas entre gladiadores, os sacrifícios
humanos, a poligamia, a prática de queimar vivas mulheres viúvas e a
escravidão, bem como essa influência levou à concessão de direitos de
propriedade, direitos de voto e outras salvaguardas para as mulheres.”
Devemos pois conduzir nossa vida de maneira
sóbria e ordeira, obedecendo as leis instituídas e lutando dentro dos limites
do civilizado e da legalidade para que as leis injustas caiam por terra. Essa é uma batalha difícil e o cristão precisa tomar parte nela, sempre mantendo a comunhão com o Espírito Santo.
Além disso, o mais importante, o cristão deve
orar pelo governo. A Bíblia diz: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se
façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os
homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência.” ( 1 Timóteo 2.1-2)
A oração transforma qualquer situação, pois lutamos com o poder de Deus e não o nosso.
A oração transforma qualquer situação, pois lutamos com o poder de Deus e não o nosso.
Não devemos ser polêmicos ou altercadores.
Devemos evitar falar mal das autoridades, mesmo que isso nos pareça difícil. É
possível pelejar contra a corrupção e os desvios de conduta de maneira salutar
e sensata, sem agressões ou baixarias.
Paulo recomenda que os cristãos
" sejam obedientes, estejam sempre prontos a fazer tudo o que é bom, não
caluniem ninguém, sejam pacíficos, amáveis e mostrem sempre verdadeira mansidão
para com todos os homens." (Tito 3.1-2)
Por fim, jamais podemos esquecer que nossa
cidadania está nos céus, e não devemos ter esperanças muito grandes com este
mundo que jaz no maligno. Pelo contrário, a política perfeita só com Jesus ,
quando ele vier reinar sobre todos com sua Igreja.
A nossa cidadania, porém, está nos céus, de
onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
Filipenses 3.20
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