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O amor próprio e a idolatria do Ego. 1 João 3.23





E este é o seu mandamento: Que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou. 
1 João 3.23

   
“Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor-próprio, levado ao desprezo de Deus, a terrena; o amor de Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”
  SANTO AGOSTINHO. A Cidade de Deus, XIV, 29.

  

O cristianismo verdadeiro sempre foi conhecido por criar bastante conflito contra os paradigmas do mundo.  Ele enfrentou a cultura rebatendo tudo que seja contra os ensinos de Deus, e sempre com muita força. Mas hoje em dia parece que o seu  teor polêmico e contracultural está sendo esvaziado por muitas igrejas, para que evangelho seja mais aceitável às pessoas dos nossos dias. Uma espécie de cristianismo lisonjeiro que procura agradar o possível "freguês.


Mas  a aplicação dos ensinos bíblicos continuam sendo um desafio para a Igreja cristã, um desafio que deve ser encarado em muitos pontos de vista. Especialmente  combatendo a linguagem moderna que se afasta cada vez mais das noções de certo e errado.
  
No mundo de hoje, recebemos um conjunto de valores, um pacote fechado, que nos é apresentado como a única verdade. Um dos principais conceitos distorcidos é o de amor próprio.



O desastroso ensino do amor próprio


Hoje o amor próprio é louvado como um grande remédio para uma alma sofrida e angustiada. Para a psicologia e sociedade de hoje a autoestima é a chave do sucesso. Gostar de si mesmo acima de tudo e de todos. É ensinado e difundido que devemos amar mais a nós mesmos, pensar em tudo que temos de bom e valioso, celebrar mais nossa capacidade, nossos talentos, nos preocupar mais conosco,  pensarmos no nosso bem estar acima de tudo e de todos, nos afastar do que possam nos fazer  sentir mal e evitar tudo que possa nos ferir ou magoar  e isso para termos paz de espírito e sermos felizes. Em resumo: seja mais egoísta e mais orgulhoso.

Aí percebemos o quanto o cristianismo tem de contracultural, pois a exaltação do amor próprio  vai frontalmente contra tudo que Cristo ensinou. Jesus nunca incentivou os homens a amarem mais a si mesmos, mas sim a amarem a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos.

 Naquele tempo:
Os fariseus ouviram dizer que Jesus
tinha feito calar os saduceus.
Então eles se reuniram em grupo,
e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo:
‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’
Jesus respondeu: "`Amarás o Senhor teu Deus
de todo o teu coração, de toda a tua alma,
e de todo o teu entendimento!"
Esse é o maior e o primeiro mandamento.
O segundo é semelhante a esse:
`Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’.
Toda a Lei e os profetas
dependem desses dois mandamentos.
Mateus 22.34-40

   
Se Jesus ensinou que devemos amar nosso semelhante como a nós mesmos, fica claro, por isso,  que nós já estamos nos amando de modo suficiente. Desde que nascemos somos egoístas e pensamos apenas no que nos convém,  sem uma dose gigante de esforço e de ajuda de Deus,  jamais iremos além de nossas vontades e caprichos.
Muitas pessoas buscam fazer boas obras, caridade, trabalho voluntário, somente para sentirem o prazer de serem bons, ou fazerem comparações, serem melhores do que a maioria. Sentirem orgulho de si mesmos. Isso não é amar ao próximo, isso é  orgulho e vaidade. Neste sentido o  amor próprio leva ao desprezo de Deus e a idolatria do Ego.
  
Quando fizemos o bem a alguém sem pedir retribuição é sempre para que nos sintamos mais bons, mais importantes, mais "elevados", por isso, nenhuma esmola é digna de elogio perante Deus, nenhuma boa ação nossa merece ser louvada pelo Senhor, ele conhece nossas intenções mais profundas, e ele não aceita aparência de boas ações, mas que são meras representações. Mas nem todos são assim, dirão alguns. 
Será? Só Deus para pesar os corações. 

A verdade é que o Altíssimo só recebe  o que oferecemos com o coração puro. E  só Ele pode purificarmos deste coração naturalmente mau.  O amor a Deus, derramado pelo Espírito em nossos corações nos faz amar  ao próximo também e este  é o  único caminho para uma vida plena e realizada. A Bíblia diz: “Há mais felicidade em dar do que em receber (Atos 20.35), muito ao contrário do que ensinam os sábios segundo a nossa geração. 

Agostinho fala de um amor terreno que funda uma cidade terrena, uma cidade que está afastada das coisas celestes, uma cidade mundana em que jaz uma sociedade dominada pelo maligno. Esta cidade é a cidade fundada pelo amor próprio,  e ele existe em abundância no coração do homem, não precisa ser plantado nem cultivado. 

O homem moderno vive como se Deus não existisse, vive como se seu semelhante não existisse.  O homem,  não precisa  se amar mais ainda, ele já se ama em abundância. É egoísta por natureza.  Mas a sociedade diz que o problema das pessoas é que elas não se amam. Eu prefiro ficar com o que a Bíblia diz através do apóstolo Paulo que, inspirado por Deus, ensina  que  ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida (Ef 5.29).
  
Agostinho porém nos diz que a cidade dos céus está construída sobre o amor a Deus  e que transborda para o nossos semelhantes. Um amor puro e perfeito que vem por intermédio de Cristo aos nossos corações. Esta cidade não existe amor próprio, só um amor  puro e sublime, de irmãos para com irmãos e de filhos para com o Pai celeste. Devemos ir nos acostumando aqui com este cidade pois é para lá que a Igreja de Cristo irá morar eternamente.



Não pensemos que o cristianismo ensina a autodepreciação.

  
A  Bíblia não ensina nada diretamente sobre amar a si mesmo. Isso mostra que, até certo ponto, respeitar e amar a si mesmo é normal e  ela não nos instruí a autodepreciação nem a auto-degradação. Pensar no seu próprio bem-estar não é errado, quando você tem o foco correto e sabe seu dever de ajudar seu irmão necessitado. 
Nem sempre teremos de conviver com pessoas desagradáveis só porque Jesus nos manda amá-las, nem sempre teremos de tirar do nosso salário para socorrer um irresponsável, nem sempre vai gastar o fim de semana evangelizando os perdidos, nem sempre, mas algumas vezes será preciso...
Amar exige sacrifícios, de todos os tipos.




Amor próprio gera o orgulho


Não somos melhores do que ninguém, apesar de termos várias capacidades e dons diferentes uns dos outros. Tudo que temos vem do Senhor e ele dá aquem quer, não havendo nisso nenhum mérito nosso. Percebam, o amor verdadeiro deve ser direcionado para fora e não para dentro. Quando o direcionamos para dentro estamos focando em nós mesmos, em nossas habilidades e talentos, em quem nós somos. Aí erramos pelo orgulho e pela vaidade.
Quando direcionamos o amor  para fora amamos  a Deus e aos nossos semelhantes. E isso é supersaudável, fomos feitos para sermos abençoados assim. 
O princípio bíblico é de que não devemos pensar de nós mesmos além do que convém, mas devemos pensar com moderação, de acordo com aquilo que Deus nos concedeu (Rm 12.3). Isso aponta para quem nós somos em Cristo, vivendo para ele, sendo justificados e santificados por ele.
  
Ora, somos a imagem de Deus, e por isso, todos os seres humanos são revestidos desta dignidade, portanto, merecedores de nossa atenção , cuidado e amor. Se todos pensássemos em honrar a Deus primeiramente e  uns aos outros não haveria necessidade de se "elevar a autoestima" de ninguém. Nosso valor não está no que possuímos ou conquistamos, mas sim em quem nos criou e formou e para quem vivemos. 

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