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Anomia. Mateus 24.12

E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.  Mateus 24.12


Ausência de Lei. Anarquia. É isso que significa anomia. Uma sociedade anárquica. O anarquismo é uma teoria política que rejeita o poder estatal e acredita que a convivência entre os seres humanos é simplesmente determinada pela vontade e pela razão de cada um.

O cristão autêntico é o oposto do anarquista. Embora não estejamos mais vinculados à lei judaica, ainda estamos submetidos às leis dos homens. Jesus nos libertou da escravidão da lei, mas isso não significa que estamos isentos de quaisquer mandamentos. Não estamos na anomia, ainda há uma regra a seguir, que é a Palavra de Deus, e ela deve ser respeitada como se fosse a Constituição da vida do crente. É a nossa regra de fé e prática.

Quem pratica o amor também sabe que deve seguir as leis humanas automaticamente. A palavra anomia aparece 26 vezes na Bíblia, sendo 15 delas apenas no Novo Testamento. Neste trecho de Mateus 24.12, ela é traduzida como iniquidade, que significa ausência de lei ou desprezo pela lei; ato ou efeito de ignorar as leis.

É natural pensar que quem ama não precisa de muitas regras e regulamentações. A lei que proíbe o roubo não precisaria existir se as pessoas não roubassem por amor. A lei que proíbe a mentira não seria necessária se as pessoas se amassem tanto que a mentira fosse inconcebível. A lei que proíbe a cobiça, a blasfêmia, o perjúrio, nenhuma dessas leis faria sentido se o amor reinasse verdadeiramente na vida e nas mentes das pessoas. A justiça é o primeiro efeito do amor. Mas não somos assim, amorosos por natureza, e é por isso que precisamos observar e atentar para os divinos preceitos. A lei veio porque o amor não mais reinava, e onde o amor não tem vez, a injustiça prevalece. 

Biblicamente, aquele que ignora a lei é chamado de iníquo e esse ato de ignorar é chamado de iniquidade. Vivemos hoje uma distorção da doutrina da Graça, que ensina que, como estamos salvos pela graça, mediante a fé, não temos mais nenhum dever ou obrigação como cristãos. Isso é um grande engano, e muitos estão dando péssimos testemunhos de vida por despreocuparem-se tanto com sua santidade pessoal. O salvo está seguro no amor de Cristo, e, como somos vasos cheios do amor divino, devemos agir segundo as regras deste amor.

Não é difícil perceber que a destrutividade e a violência que hoje permeiam nosso cotidiano advêm não apenas de uma falha do sistema, da educação ou do governo em si, mas também da falta grave de senso de amor e justiça que impera em nosso meio, e que até mesmo em muitas igrejas podemos perceber a completa anomia de nossa geração. Cristãos sem lei, cristãos sem amor. 

Os crentes devem seguir uma conduta coerente, que não seja nem heterônoma, nem autônoma. Em vez disso, gostaria de sugerir o termo "Bibliônomo", que se refere àqueles que são governados pelas Sagradas Escrituras. É por meio dessas escrituras que percebemos a vontade de Deus e é lá que devemos encontrar nossa Constituição e Lei Maior.

É evidente que onde falta amor, sobra egoísmo, pois não há interesse em beneficiar o próximo, ver sua felicidade ou notar seu bem-estar e crescimento. O egoísmo é a forma mais evidente e maligna da falta de amor.

Algumas frases aparentemente legítimas, como "Eu tenho que cuidar de mim" ou "Eu preciso me valorizar mais" podem, na verdade, disfarçar o egoísmo natural de todo ser humano. Para essas pessoas, são necessárias muitas leis, regras e controles para evitar que se devorem mutuamente. Infelizmente, a vida atual exige essas muitas restrições para que a situação não se torne insustentável.

Porém, para um cristão, não deveria ser assim. Não deveria ser necessário uma multidão de regras, pois deveríamos seguir uma lei maior, espiritual, que é externa a nós. Os cristãos precisam aprender a ver na Bíblia a sua regra de ouro da vida e não pensar que todos os mandamentos que estão lá são ultrapassados e já não nos servem mais.

Jesus deixou para nós uma grande legislação no Sermão da Montanha, descrito em Mateus capítulos 5-7. Este sermão aborda diversos temas diferentes, mas é fácil perceber seu tom instrutivo e legislativo. Ele nos exorta a viver uma vida dedicada e agradável a Deus, livre de hipocrisia e pautada pelo amor e pela misericórdia. Nesse sermão, encontramos os princípios de uma vida autêntica e feliz, moldada pela regra do "amar ao próximo como a si mesmo". Existem regras ali que normatizam e orientam a verdadeira vida cristã, uma vida que coloca em prática a vontade de Deus e leva à verdadeira vida eterna. Estamos cumprindo essas regras?

 

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