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Pais da Igreja


O TERMO PAI
O termo “Pai” era atribuído pelos fiéis aos mestres e bispos da Igreja Primitiva. Isso  devido à reverência e amor que muitos cristãos tinham pelos seus líderes religiosos dos primeiros séculos. Eram também assim chamados  por seu  amor e zelo que tinham pela igreja. Mais tarde, o termo é atribuído particularmente aos bispos do concílio de Nicéia, e posteriormente Gregório VII reivindicou com exclusividade o termo “papa”, ou seja, "pai dos pais”.
Com a morte do último apóstolo, João em Éfeso, termina a era apostólica, porém Deus já havia capacitado homens para cuidar de sua Igreja, e começou uma nova era para o cristianismo. Assim, a obra que os apóstolos receberam do Senhor Jesus e a desenvolveram tão arduamente acha-se agora nas mãos de novos líderes que tinham a incumbência de desenvolver a vida litúrgica da Igreja como fizeram os apóstolos.

Para três indivíduos – Clemente de Roma, Inácio e Policarpo – esta titulação é regularmente aplicada. Principalmente Policarpo, para o qual existem evidências de contato direto com os apóstolos.
E é de suma importância analisar a doutrina dos chamados “Pais da igreja”, pois eles foram os responsáveis pelo povo de Deus daquela época e pela teologia que construíram, sendo que até hoje serve de base para a Igreja. Do século II até o século IV, nomes como o de Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, Inácio de Antioquia, Policarpo, Justino o mártir, Irineu de Lião, Origines, Tertuliano e outros, que foram os responsáveis por transmitir os ensinamentos bíblicos, merecem não pouco reconhecimento por sua fé, virtude e zelo que nutriam pelo corpo de Cristo na terra – a Igreja.

Entretanto, devemos lembrar que mesmo homens como esses não ficaram isentos de erros e até mesmo foram considerados como heréticos por seus resvalos teológicos. Esse foi o caso de Orígenes, por exemplo, que teve muitos de seus ensinos condenados pelo II concílio de Constantinopla em 553.
A maior parte dessas obras foram escritas em grego e latim, embora haja também muitos escritos doutrinários em aramaico e outras línguas orientais.

Patrística é o corpo doutrinário que se constituiu com a colaboração dos primeiros pais da igreja, veiculado em toda a literatura cristã produzida entre os séculos II e VIII, exceto o Novo Testamento.
 Em meados do século II, os cristãos passaram a escrever para justificar sua obediência ao Império Romano e combater as ideias gnósticas, que consideravam heréticas. Os principais autores desse período foram Justino – o mártir, professor cristão condenado à morte em Roma por volta do ano 165; Taciano, inimigo da filosofia; Atenágoras; e Teófilo de Antioquia. 
No século III floresceu Orígenes, que elaborou o primeiro tratado coerente sobre as principais doutrinas da teologia cristã e escreveu Contra Celsum e Sobre os princípios; Clemente de Alexandria, que em sua Stromata expôs a tese segundo a qual a filosofia era boa porque consentida por Deus; e Tertuliano de Cartago.
A partir do Concílio de Nicéia, realizado no ano 325, o cristianismo deixou de ser a crença de uma minoria perseguida para se transformar em religião oficial do Império Romano. Nesse período, o principal autor foi Eusébio de Cesaréia. Dentre os últimos gregos destacaram-se, no século IV, Gregório Nazianzeno, Gregório de Nissa e João Damasceno.
Os maiores nomes da patrística latina foram Ambrósio, Jerônimo (tradutor da Bíblia para o latim) e Agostinho, este considerado o mais importante filósofo em toda a patrística. Além de sistematizar as doutrinas fundamentais do cristianismo, desenvolveu as teses que constituíram a base da filosofia cristã durante muitos séculos. 
Para uma melhor compreensão, podemos dividir os Pais da Igreja em quatro grandes grupos, a saber: Pais Apostólicos, Apologistas, Polemistas e Pós-Nicenos. Alguns deles, porém, encaixam-se em mais de um desses grupos devido à vasta literatura que produziram para a edificação e defesa do cristianismo, como é o caso de Tertuliano, considerado o pai da teologia latina.  
Sendo assim, temos:


PAIS APOSTÓLICOS
Foram os mais antigos escritores cristãos fora do Novo Testamento. Eles tiveram relação mais ou menos direta com os apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e segundo século. Os mais importantes foram:
  
CLEMENTE DE ROMA (30-100 d.C.)
Clemente era um cristão que gozava de grande autoridade entre seus contemporâneos. Orígenes e Eusébio de Cesáreia identificam-no como o colaborador de Paulo mencionado em Filipenses: “E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida” (Filipenses 4.3). Irineu de Lião escreveu que Clemente teria sido o terceiro sucessor do apóstolo Pedro no pastorado da Igreja em Roma. Segundo Tertuliano, ele foi consagrado pelas mãos do apóstolo Pedro. Escreveu uma Epístola chamada de 1º Clemente, escrita de Roma por volta de 95 d.C., para a igreja em Corinto. A obra Atos dos Mártires, do século IV ou V d.C., afirma que Clemente foi exilado para a península de Queronese, na área do mar Negro, foi atirado ao mar com uma âncora amarrada ao seu pescoço.


INÁCIO DE ANTIOQUIA (35-108 d.C.)
Conforme se encontra na História Eclesiástica, de Eusébio, Inácio teria sido o segundo bispo de Antioquia: “Mas, depois que Evódio fora estabelecido o primeiro sobre os antioquenos, Inácio o segundo, reinava no tempo do qual falamos”.
Foi martirizado em Roma, durante o reinado de Trajano (97-117 d.C.). Inácio quando seguiu para Roma estava disposto a ser martirizado, pois durante a viagem escreveu cartas às igrejas manifestando o desejo de não perder a honra de morrer por seu Senhor. Foi lançado às feras no Anfiteatro romano no ano 108.

Tudo quanto sabemos sobre sua vida é através de suas sete cartas escritas no caminho rumo ao martírio em Roma; Carta aos Efésios, Carta aos Romanos, Filadélfia, Esmirna, Trálios, Magnésia e Policarpo. Inácio é o primeiro escritor a apresentar claramente o padrão de ministério: um bispo numa igreja com seus presbíteros e diáconos. Opôs-se às heresias gnósticas. Sua preocupação principal era com a unidade da Igreja.


POLICARPO (69-155 d.C.)
Foi discípulo do apóstolo João, provavelmente nasceu em 70 d.C. Eusébio declara que não somente foi instruído pelos apóstolos e conviveu com muitos que haviam visto o Senhor, mas também foi instituído bispo da Ásia pelos apóstolos, na Igreja de Esmirna. Aparentemente Policarpo conhecia alguns personagens ilustres de sua época, como Inácio, Irineu, Aniceto de Roma e Marcião. Policarpo resistiu a doutrina de Marcião e chamou-lhe de “primogênito de Satanás”. De acordo com Irineu, Policarpo escreveu diversas cartas à comunidade e a bispos em particular, das quais somente a carta aos Filipenses foi preservada.
Em um dos seus escritos que trazem o seu nome é nos dada à narrativa de sua morte. Devido a sua idade, quiseram fazê-lo negar o nome de Jesus e assim escapar com vida, ao que ele respondeu: “Eu tenho servido a Cristo por 86 anos e Ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou?”. Quando o colocaram na fogueira, dizem que o fogo não o queimou, e então seus inimigos o apunhalaram até a morte e depois o queimaram.


PAPIAS (70-140 d.C.)
Bispo de Hierápolis, de quem somente sabemos alguma coisa através de escritos de Eusébio e Irineu. Ele era um homem curioso, que tinha o habito de inquirir sobre as origens do cristianismo. Foi Papias quem iniciou a tradição que diz que Marcos era interprete de Pedro: “Marcos, que foi interprete de Pedro, pôs por escrito, ainda que não com ordem, o quanto recordava que o Senhor havia feito”.
Segundo Irineu de Lião, Papias teria sido discípulo do apóstolo João.
Escreveu uma coleção de relatos sobre ditos e feitos do Senhor e de seus discípulos, da qual restam somente pequenos fragmentos.


PAIS APOLOGISTAS
Foram aqueles que empregaram todas as suas habilidades literárias em defesa do cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo se situa no segundo século, e os mais proeminentes entre eles foram:

TERTULIANO (155-220 d.C.)
Nasceu em Cartago, um dos principais centros culturais do Império Romano. Destinado pela família ao estudo das leis, recebeu esmerada educação. Aos vinte anos seguiu para Roma, onde ampliou sua formação. Regressou a Cartago no final do século II e, depois de se converter ao cristianismo, dedicou-se ao estudo das Escrituras, da literatura cristã e profana e dos tratados gnósticos. Iniciou então uma produtiva atividade literária voltada para a consolidação da Igreja no norte da África. Teólogo, foi o principal apologista da igreja ocidental e o primeiro teólogo cristão a escrever em latim. Formado em direito, ensinou oratória e advogou em Roma, onde se converteu ao cristianismo.
Possivelmente as sua maiores contribuições foram suas discussões sobre a Trindade e a Encarnação do Logos. A sua principal obra escrita em defesa do cristianismo foi Apologética.


JUSTINO MARTIR (100-166 d.C.)
Filho de pais pagãos teria nascido perto da cidade de Siquém, onde passou boa parte de sua juventude numa busca filosófica atrás da verdade. Ele foi um filósofo platônico. Seus estudos profundos do platonismo, pitagorismo, do estoicismo e do aristetolismo convenceram-no de que nem toda a verdade está contida na filosofia e que ele precisava continuar inquirindo a verdade.
Vários livros são atribuídos a Justino, porém somente três são aceitos como genuínos. São os denominados de Primeira Apologia, Segunda Apologia e o Diálogo com Trifo, o judeu. Sua Primeira Apologia é dirigida ao imperador Antonino Pio, que reinou de 138-161 d.C., aos seus filhos Lucius e Marco Aurélio, a todo o senado romano e “a todos os romanos”. ASegunda Apologia é dirigida ao senado romano, embora já tivesse sido alcançado pelaPrimeira. Os dois foram escritos para contestar a perseguição. O Diálogo com Trifoconsta de uma conversa de dois dias entre Justino e um douto judeu contemporâneo dele.
Foi um dos homens mais competentes do seu tempo e um dos principais defensores da Fé Cristã. Seus livros que ainda existem, oferecem informações valiosas sobre a vida da Igreja nos meados do segundo século. Foi martirizado em Roma, no ano de 166

PAIS POLEMISTAS
Diferentemente dos apologistas do segundo século, que procuraram fazer uma explanação e uma justificação racional do cristianismo para as autoridades, os polemistas empenharam-se em responder os desafios dos falsos ensinos heréticos, condenando veementemente esses ensinos e seus mestres.
Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja. Apesar de a maioria ter vivido no Oriente, os grandes polemistas vieram do Ocidente:

IRINEU (130-202 d.C.)
Oriundo da Ásia Menor, em sua juventude foi discípulo de Policarpo, de acordo com Eusébio de Cesáreia. Irineu escreveu a Florino, um ex-condiscípulo de Policarpo, que apostatara tornando-se valentiniano: “Pois os estudos de nossa juventude cresceram com nossa mente e se uniram a ele com tamanha firmeza, que também posso dizer até o lugar em que o bendito Policarpo costumava se sentar e discursar; e também suas entradas, suas saídas, o caráter de sua vida e a forma de seu corpo, e suas conversas com as pessoas, e seu relacionamento familiar com João, conforme costumava contar, bem como sua familiaridade com os que haviam visto o Senhor. Também a respeito de seus milagres, sua doutrina, tudo isso era contado por Policarpo, de acordo com as Sagradas Escrituras, conforme havia recebido das testemunhas oculares da doutrina da salvação”. É considerado o “príncipe dos teólogos cristãos”.
A maior parte de sua obra desenvolveu-se no campo da literatura polêmica contra o ensino gnóstico, que acreditava na existência de um mundo distinto de Deus. Sua primeira obra,Adversus Haereses, título em latim que significa “Contra Heresias”, escrita entre 182 e 188 d.C., salienta-se por sua habilidade, moderação e pureza na apresentação do cristianismo, condenando os ensinos de Marcião.

ORÍGENES (185-254 d.C.)
Orígenes foi o maior dos intérpretes alegóricos e o mais prolífico da antiguidade cristã. A maior parte das informações sobre a vida de Orígenes pode ser localizada no sexto livro da História Eclesiástica, de Eusébio de Cesáreia. Nasceu em Alexandria, no Egito, onde foi aluno de Clemente, o que o faria sucessor deste anos mais tarde. Ficou à frente da escola catequética por 28 anos, levando uma vida extremamente ascética e piedosa. Devido ao seu zelo, interpretou literalmente o texto de Mateus 19.12, que diz: “Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber que o receba”, e mutilou-se a si mesmo.

Seu pai Leônidas morreu martirizado em 202, o que fez com que ele sentisse o mesmo sentimento, a ponto de dizer ao pai que se encontrava preso: “Não vás mudar de ideia por causa de nós”. Em 212 esteve em Roma, Grécia e Palestina. A mãe do imperador Alexandre Severo, Júlia Maméia, chamou-o a Antioquia para ouvir suas lições. Morreu em Cesáreia durante a perseguição do imperador Décio.
 A produção literária de Orígenes foi enorme. Segundo estimativa, ele foi o autor de seis mil pergaminhos. Uma vez que seus conhecimentos bíblicos eram enormes e estava consciente de que o texto das Escrituras continha ligeiras variantes, compôs a “Hexapla”, uma obra monumental de erudição bíblica que não foi conservada na íntegra.

CIPRIANO (200-258 d.C.)
Thascius Cecilius Cyprianus era de família nobre e influente de Cartago. Converteu-se ao cristianismo em 246 d.C., sendo posteriormente eleito bispo em sua cidade natal, por volta de 249 d.C. Exerceu um ministério pastoral influente produzindo vários escritos antes de ser perseguido e decapitado nos dias do imperador Valeriano.
 As principais obras de Cipriano são: Tratado Sobre a Unidade da Igreja e Dos Caídos, escrito em 251 d.C., enviadas aos confessores romanos da fé. De habitu virginum (249 d.C.), De mortalitate (252 d.C.), De opere et eleemosnynis (252 d.C.) e uma coleção de cartas. Algumas de suas obras são revisões dos escritos de Tertuliano, a quem Cipriano chamava de mestre.

AGOSTINHO DE HIPONA (354-430)
O Protestantismo e o Catolicismo Romano tributam honra à contribuição que Agostinho deu à causa do cristianismo. Polemista capaz, pregador talentoso, administrador episcopal competente, teólogo notável, ele criou uma filosofia cristã da história que em sua essência, continua válida até hoje. Vivendo num tempo em que a velha civilização clássica parecia sucumbir diante dos bárbaros, Agostinho se posicionou entre dois mundos, o mundo clássico e o novo mundo medieval. Para ele, os homens deveriam olhar adiante para a “Cidade de Deus”, uma civilização espiritual, uma vez que a velha civilização clássica estava passando.
 Agostinho nasceu em 354, na casa de um oficial romano na cidade de Tagasta, ao norte da África. Sua mãe, Mônica, dedicou a vida à sua formação e conversão à fé cristã. Em 386, aconteceu sua crise de conversão. Um belo dia, meditando num jardim sobre a sua situação espiritual, ouviu uma voz próxima à porta que dizia: “Tome e leia”. Agostinho abriu sua Bíblia em Romanos 13.13-14.
 Essa leitura trouxe-lhe a luz que sua alma não havia conseguido encontrar nem no maniqueísmo nem no neoplatonismo. Separou-se de sua concubina e abandonou sua profissão de retórica. Sua mãe que tanto orara por sua conversão, morreu logo depois do seu batismo. De volta a Cartago, foi ordenado sacerdote em 391. Cinco anos depois foi consagrado bispo de Hipona. Daí até sua morte, em 430, dedicou sua vida à administração episcopal, estudando e escrevendo. Ele é apontado como o maior dos pais da Igreja. Deixou mais de 100 livros, 500 sermões e 200 cartas.
 Talvez a obra mais conhecida de sua lavra sejam as Confissões, uma das maiores obras autobiográficas de todos os tempos. Nas páginas dessa obra, Agostinho abre a sua alma. O livro traz no primeiro parágrafo a citadíssima frase: “Tu nos fizestes para ti e nosso coração não descansará enquanto não repousar em ti”.. Essa necessidade só foi preenchida por sua experiência da graça de Deus.
 Agostinho escreveu ainda tratados teológicos dos quais De Trinitate, sua obra sobre a Trindade, é o mais importante . Agostinho escreveu também muitas obras polêmicas para defender a fé dos falsos ensinos e das heresias dos maniqueístas, dos donatistas e, principalmente dos pelagianos. Sua De Haeresibus é uma história das heresias.
 Sua grande obra apologética e sobre a qual reside sua maior fama, é o tratado De Civitate Dei, popularmente conhecida como A Cidade de Deus (413-426). O próprio Agostinho considerava ser essa sua grande obra.   No período entre Paulo e Lutero, a Igreja não teve mais ninguém da estatura moral e espiritual de Agostinho.

PAIS PÓS-NICENOS
Entre os Concílios de Nicéia (325 e de Calcedônia (451, vários dos mais capazes Pais da Igreja Cristã desempenharam seu minstério. Eles procuraram estudar a Bíblia em bases científicas a fim de desenvolverem o seu significado teológico. Sem dúvidas, Agostinho foi o maior deles.

Eles seguiram a escola de Antioquia ou síria de interpretação, destacando o estudo histórico-gramatical da Bíblia com intenção de descobrir o significado que o escritor sagrado tinha em mente para aqueles a quem escreveu. Evitaram a tendência alegorizante praticada pelos seguidores da escola alexandrina, que seguiam o exemplo de Orígenes.

JOÃO CRISÓSTOMO (347-407)
João, chamado Crisóstomo devido à sua eloquência, logo depois de sua morte, mereceu literalmente o nome de “boca-de-ouro”. Nasceu por volta de 345 numa família rica, da aristocracia de Antioquia. Sua mãe apesar de ter enviuvado aos 20 anos, recusou-se a casar de novo para poder se dedicar totalmente à educação do filho. Crisóstomo foi aluno do sofista Libânio, amigo do Imperador Juliano. Libânio instruiu-o bem nos clássicos gregos e na retórica, o que lhe deu as bases para sua excelente oratória.
 Por algum tempo exerceu a advocacia, mas após seu batismo em 386, tornou-se monge. Com a morte da mãe em 374, passou a viver uma vida ascética e bem rigorosa até 380. Nessa época viveu numa caverna de uma montanha perto de Antioquia. A saúde debilitada o obrigou a abandonar o regime rigoroso. Ordenado em 386, pregou em Antioquia alguns de seus melhores sermões até o ano de 398. Nesse ano foi escolhido como patriarca de Constantinopla, posição que manteve até ser banido em 404 pela Imperatriz Eudóxia, denunciada por ele por usar roupas extravagantes e por colocar uma estátua de prata de si mesma próxima a Santa Sofia, onde ele pregava. Morreu no exílio em 407.
 A maioria de suas homilias ou sermões se constituem em exposições das Epístolas de Paulo. Por não conhecer o hebraico, não fez uma investigação crítica dos textos do Antigo testamento. Mas destacou a importância do contexto e procurou descobrir o sentido literal dado pelo autor e fazer uma aplicação prática desse sentido aos problemas das pessoas de sua época. Essas aplicações morais práticas do evangelho eram marcadas por grande integridade moral. Para ele não deveria haver divórcio entre moral e religião; a cruz e a ética devem caminhar juntas. Não é por acaso que ele foi e continua sendo um dos maiores oradores sacros que a Igreja Oriental já teve.

TEODORO  DE MOPSUÉSTIA (350-428)
Outro notável pai da Igreja da Mopsuéstia. Ele estudou a Bíblia com Diodoro de Tarso. Essa ótima instrução foi possível por ter nascido de família rica. Ordenado presbítero em Antioquia em 338, tornou-se bispo da Mopsuéstia, na Cilícia em torno de 392. Teodoro foi chamado apropriadamente de "o príncipe dos exegetas antigos". Ele se opôs ao sistema alegórico de interpretação e propôs uma compreensão que levasse em conta a gramática e a formação histórica do texto, a fim de descobrir o sentido que o autor quis dar. Deu atenção especial ao contexto imediato e remoto do texto. Esse método fez dele um comentarista e teólogo dos mais competentes. Teodoro escreveu comentários sobre livros da Bíblia como as cartas aos colossenses e aos tessalonicenses. Tanto ele como Crisóstomo enriqueceram notavelmente a interpretação da Bíblia no seu tempo. A obra de ambos contrastava com as forçadas interpretações da Bíblia geradas pelo uso do método alegórico de interpretação.

EUSÉBIO DE CESARÉIA (260-340)
Um dos pais da Igreja mais amplamente estudados é Eusébio de Cesaréia, merecedor do título de pai da História da Igreja quanto Heródoto o é do título de pai da História. Depois de receber uma boa instrução por parte de Panfílio em Cesaréia, ajudou a amigo a organizar sua biblioteca nessa cidade. Eusébio era estudante interessado e lia tudo o que pudesse ajudar em suas pesquisas. Ele se serviu tanto da literatura profana quando da sacra.
Tinha um espírito refinado e cordato e detestava querelas suscitadas pelas heresia ariana. Tomou um lugar de honra ao lado de Constantino no Concílio de Nicéia e, como ele, preferiu uma solução de reconciliação entre os partidos de Atanásio e Ário. Foi o Credo de Cesaréia, escrito por Eusébio de Cesaréia, que o Concílio de Nicéia modificou e aceitou.
Sua maior obra literária é a História Eclesiástica, um panorama da história da Igreja dos tempos apostólicos até 324. Seu propósito era fazer um relato das dificuldades passadas da Igreja, ao fim desse longo período de luta e começo de uma história de prosperidade. A obra continua sendo útil até hoje, uma vez que Eusébio teve acesso à excelente biblioteca de Cesaréia e dos arquivos imperiais.
Eusébio é até hoje nossa melhor fonte sobre a história da Igreja durante os três primeiros século de sua existência, a obra tem sido de inestimável valor para a Igreja ao longo dos séculos.

JERÔNIMO (331-420)
Jerônimo, natural de Veneza, foi batizado em 360 e durante vários anos dedicou-se aos estudos, viajando por Roma e pelas cidade da Gália. Na década seguinte visitou Antioquia e adotou a vida monástica, ocasião em que aprendeu o hebraico. Em 382, tornou-se secretário de Dâmaso, bispo de Roma, que lhe sugeriu a possibilidade de fazer uma nova tradução da Bíblia. Em 386, Jerônimo foi para a Palestina e lá, graças à generosidade de Paula, uma rica senhora romana a quem tinha ensinado hebraico, viveu num retiro monástico em Belém por quase 35 anos.
A maior obra de Jerônimo foi uma tradução latina da Bíblia conhecida como Vulgata. Antes de 391, ele tinha completado a revisão do Novo Testamento latino cuidadosamente cotejado com o grego. A versão da Bíblia feita por Jerônimo tem sido amplamente usada pela Igreja Ocidental e foi, até recentemente, a única Bíblia oficial da Igreja Católica Romana desde o Concílio de Trento.
Jerônimo foi também um exímio comentarista, tendo escrito muitas comentários que são usados até hoje. Sua grande dedicação e seu enorme conhecimento dos clássicos ajudaram-no na interpretação das Escrituras, embora nos últimos anos de sua vida desaprovasse o saber clássico.

AMBRÓSIO (339-397)
Ambrósio demonstrou grande capacidade nos campos da administração eclesiástica, pregação e teologia. Seu pai ocupara o alto cargo de prefeito da cidade da Gália, e sua família procedente dos altos círculos imperiais de Roma, proporcionou-lhe uma formação na área jurídica, pretendendo que ele se voltasse para a carreira política. Alcançou logo o cargo de governador imperial da área em torno da cidade de Milão. Com a morte do bispo de Milão em 374, o povo pediu unanimemente a sua ascensão ao cargo. Crendo ser este um chamado de Deus, ele aceitou o cargo, distribuiu seus bens aos pobres, tornou-se bispo e começou a estudar intensamente a Bíblia e teologia.
 Ambrósio provou ser um administrador ousado e capaz na condução dos negócios da Igreja. Levantou-se contra as poderosas facções arianas e não hesitou em se opor ao imperador Teodósio. Em 390 ou 391, Teodósio reuniu o povo de Tessalônica, cujo governador fora assassinado, numa praça da cidade e ordenou o massacre deles. Quando ele veio a igreja tomar a ceia, Ambrósio recusou-se a admiti-lo na comunhão até que ele humilde e publicamente, se arrependesse desse ato.
 Ambrósio foi também um teólogo de grande talento, embora só tenha estudado teologia depois de ordenado bispo.

ARISTIDES DE ATENAS († 130)
Foi um dos primeiros apologistas cristãos; escreveu a sua Apologia ao imperador romano Adriano, falando da vida dos cristãos.

  HERMAS (†160)
Era irmão do Papa Pio I, sob cujo pontificado escreveu a sua obra Pastor. Suas visões  são de estilo apocalíptico.

HIPÓLITO DE ROMA (160-235)
 Discípulo de santo Irineu (140-202), foi célebre na Igreja de Roma, onde Orígenes o ouviu pregar. Morreu mártir. Escreveu contra os hereges, compôs textos litúrgicos, escreveu a Tradição Apostólica onde retrata os costumes da Igreja no século III: ordenações, catecumenato, batismo e confirmação, jejuns, ágapes, eucaristia, ofícios e horas de oração, sepultamento, etc.

MELITO DE SARDES (†177)
Foi bispo de Sardes, na Lídia, um dos grandes luminares da Ásia Menor. Escreveu a Apologia, dirigida ao imperador Marco Aurélio.

ATENÁGORAS (†180)
Era filósofo em Atenas, Grécia, autor da Súplica pelos Cristãos, apologia oferecida em tom respeitoso ao imperador Marco Aurélio e seu filho Cômodo; escreveu também o tratado sobre A Ressurreição dos mortos, foi grande apologista.

  TEÓFILO DE ANTIOQUIA (†APÓS 181)
Nasceu na Mesopotâmia, converteu-se ao cristianismo já adulto, tornou-se bispo de Antioquia. Apologista, compôs três livros.

 HILÁRIO DE POITIERS (316-367),
Foi bispo de Poitiers, combateu o arianismo, foi exilado pelo imperador Constâncio, escreveu a obra Sobre a Santíssima Trindade. Organizou a luta dos bispos gauleses contra o arianismo. Foi exilado pelo imperador Constâncio, na Ásia Menor, voltando para a Gália em 360, fazendo valer as decisões do Concílio de Nicéia. É chamado o “Atanásio do Ocidente”. Escreveu as obras Sobre a Fé, Sobre a Santíssima Trindade.

  CLEMENTE DE ALEXANDRIA (†215)
Seu nome é Tito Flávio Clemente, nasceu em Atenas por volta de 150. Viajou pela Itália, Síria, Palestina e fixou-se em Alexandria. Durante a perseguição de Sétimo Severo (203), deixou o Egito, indo para a Ásia Menor, onde morreu em 215. Seu grande trabalho foi tentar a aliança do pensamento grego com a fé cristã. Dizia: “Como a lei formou os hebreus, a filo formou os gregos para Cristo”.

  CIPRIANO (†258)
Cecílio Cipriano nasceu em Cartago, foi bispo e primaz da África Latina. Era casado. Foi perseguido no tempo do imperador Décio, em 250, morreu mártir em 258. Escreveu a bela obra Sobre a unidade da Igreja . Na obra De Lapsis, sobre os que apostataram na perseguição, narra ao vivo o drama sofrido pelos cristãos, a força de uns, o fracasso de outros. Escreveu ainda a obra Sobre a Oração do Senhor, sobre o Pai Nosso.

SANTO ATANÁSIO (295-373)
nasceu em Alexandria, jovem ainda foi viver o monaquismo nos desertos do Egito,onde conheceu o grande Santo Antão(†376), o “pai dos monges”. Tornou-se diácono da Igreja de Alexandria, e junto com o seu Bispo Alexandre, se destacou no Concílio de Nicéia (325) no combate ao arianismo. Tornou-se bispo de Alexandria em 357 e continuou a sua luta árdua contra o arianismo (Ário negava a divindade de Jesus), o que lhe valeu sete anos de exílio. Gregório Nazianzeno disse dele: “O que foi a cabeleira para Sansão , foi Atanásio para a Igreja.”

 BASÍLIO MAGNO (329-379)
Bispo da Igreja, nasceu na Capadócia; seus irmãos Gregório de Nissa e Pedro. Foi íntimo amigo de Gregório Nazianzeno; fez-se monge. Em 370 tornou-se bispo de Cesaréia na Palestina, e metropolita da província da Capadócia. Combateu o arianismo e o apolinarismo (Apolinário negava que Jesus tinha uma alma humana). Destacou-se no estudo a Santíssima Trindade (Três Pessoas e uma Essência).

  GREGÓRIO NAZIANZENO (329-390)
Nasceu em Nazianzo, na Capadócia, era filho do bispo local, que o ordenou padre; foi um dos maiores oradores cristãos. Foi grande amigo de Basílio, que o sagrou bispo. Lutou contra o arianismo. Sua doutrina sobre a Santíssima Trindade o fez ser chamado de “teólogo”, que o Concílio de Calcedônia confirmou em 481.

  GREGÓRIO DE NISSA (†394)
Foi bispo de Nissa, e depois de Sebaste, irmão de Basílio e amigo de Gregório Nazianzeno. Os três santos brilharam na Capadócia. Foi poeta e místico; teve grande influência no primeiro Concílio de Constantinopla (381) que definiu o dogma da  Trindade. Combateu o apolinarismo, macedonismo (Macedônio negava a divindade do Espírito Santo) e arianismo.

  CIRILO DE ALEXANDRIA (†444)
Bispo e doutor da Igreja, sobrinho do patriarca de Alexandria, Teófilo, o substituiu na Sé episcopal em 412. Combateu vivamente o Nestorianismo (Nestório negava que em Jesus havia uma só Pessoa e duas naturezas), com o apoio do papa Celestino. Participou do Concílio de Éfeso (431), que condenou as teses de Nestório.

 JERÔNIMO (347-420)
Doutor Bíblico – nasceu na Dalmácia e educou-se em Roma; é o mais erudito dos Padres da Igreja latina; sabia o grego, latim e hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita. Em 379 foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de Gregório Nazianzeno e amigo de Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi secretário do Papa S. Dâmaso, por cuja ordem fez a revi  da ver  latina da Bíblia (Vulgata), em Belém, por 34 anos. Pregava o ideal de santidade entre as mulheres da nobreza romana (Marcela, Paula e Eustochium) e combatia os maus costumes do clero. Na figura de Jerônimo destacam-se a austeridade, o temperamento forte, o amor a Igreja .

BENTO DE NÚRCIA (480-547)
Nasceu em Núrcia, na Úmbria, Itália; estudou Direito em Roma, quando se consagrou a Deus. Tornou-se superior de várias comunidades monásticas; tendo fundado no monte Cassino a célebre Abadia local. A sua Regra dos Mosteiros tornou-se a principal regra de vida dos mosteiros do ocidente, elogiada pelo papa S. Gregório Magno, usada até hoje. O lema dos seus mosteiros era “ora et labora”. O Papa Pio XII o chamou de Pai da Europa e Paulo VI proclamou-o Patrono da Europa, em 24/10/1964.

MÁXIMO, O CONFESSOR (580 - 662)
Nasceu em Constantinopla, foi secretário do imperador Heráclio, depois foi para o mosteiro de Crisópolis. Lutou contra o monofisismo e monotelismo, sendo preso, exilado e martirizado por isso. Obteve a condenação do monotelismo no Concílio de Latrão, em 649.

  JOÃO DAMASCENO (675-749)
Bispo e Doutor da Igreja - É considerado o último dos representantes dos Padres gregos. É grande a sua obra literária: poesia, liturgia, filo e apologética. Filho de um alto funcionário do califa de Damasco, foi companheiro do príncipe Yazid que, mais tarde o promoveu ao mesmo encargo do pai, ministro das finanças. A um determinado tempo deixou a corte do califa e retirou-se para o mosteiro de Sabas, perto de Jerusalém. Tornou-se o pregador titular da basílica do Santo Sepulcro.

CARTA ANÔNIMA
Didaquè (ou Doutrina dos Doze Apóstolos)
É como um antigo catecismo, redigido entre os anos 90 e 100, na Síria, na Palestina ou em Antioquia. Traz no título o nome dos doze Apóstolos. Os Pais da Igreja mencionaram-na muitas vezes. Em 1883 foi encontrado um seu manuscrito grego.

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